Três dias após celebrar a independência dos EUA ao lado do embaixador estadunidense em Brasília, Jair Bolsonaro testa positivo para a infecção por coronavírus
A informação agora oficialmente confirmada de que o presidente Jair Bolsonaro ontraiu a COVID-19 (ver abaixo imagem com o resultado do exame) é a comprovação de que quem brinca com fogo, cedo ou tarde acaba chamuscado.
Exame do presidente Jair Bolsonaro que testou positivo para a COVID-19. Reprodução/CNN
Mas há desde o resultado da confirmação do contágio algumas diferenças básicas entre a situação do presidente Jair Bolsonaro e milhões de brasileiros pobres que vivem no sobressalto por terem contraído a COVID-19 ou terem que se arriscar todos os dias para sair de casa em busca do seu sustento.
A primeira é que em menos de 24 horas o presidente do Brasil pode acessar seu plano privado de saúde para realizar um teste para detecção do coronavírus e começar um protocolo de tratamento para a COVID-19 em uma unidade hospitalar que poderá tratá-lo no mais alto padrão.
A segunda é que em vez de ter se submeter ao isolamento imposto pela COVID-19 em um quarto apertado em área sem água e serviço de esgotos, Jair Bolsonaro se hospedará em sua residência oficial, onde receberá a atenção ininterrupta de profissionais altamente qualificados em todas as áreas em que ele demandar a devida atenção.
Essas duas diferenças parecem ser triviais, mas não o são para milhares de famílias que hoje se debatem para cuidar de membros que foram acometidos pela COVID-19. Por isso, sem que eu tenha me juntar aos que desejam o sucesso do coronavírus sobre o organismo de um presidente do qual discordo frontalmente, penso que é importante notar estas distinções.
Jair Bolsonaro retira a máscara que usava no momento em que fez o anúncio do seu teste positivo para COVID-19, colocando em risco os jornalistas presentes
Lamentavelmente, ao menos em sua primeira entrevista pública após a divulgação do diagnóstico positivo, o presidente Jair Bolsonaro não parece disposto a reconhecer que a sua COVID-19 não é a mesma que está acometendo os brasileiros mais pobres. A maior prova disso foi que ele retirou a máscara que usava no momento em que informou o resultado positivo, colocando em risco a saúde dos jornalistas presentes. Ao trivializar a própria doença e se mostrar em público sem portar uma máscara que o impeça de difundir o coronavírus, o presidente do Brasil contribuiu para banalizar ainda mais uma condição que não tem nada de banal.
Concluo dizendo que a confirmação da infecção por COVID-19 de Jair Bolsonaro ocorre em um momento particularmente ruim, na medida em que a pandemia está fora de controle e o governo federal não demonstra a capacidade mínima de que poderá agir para minorar a catástrofe que se alastra pelo Brasil tal qual fogo em pastagem seca.