Para professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM SP), faltou engajamento do governo na fase final de negociações
O Parlamento Europeu votou a favor de uma emenda à Política Comercial Comum da UE que foi descrita como uma rejeição do Acordo Comercial UE-Mercosul em sua forma atual.
São Paulo, 7 de outubro de 2020 – O Parlamento Europeu aprovou uma resolução nesta quarta-feira (7/10) condicionando a conclusão do acordo UE-MERCOSUL a mudanças significativas de rumo da política ambiental de países do bloco sul-americano. Após 20 anos de negociações, o acordo ainda depende da aprovação de várias instâncias europeias, incluindo os parlamentos nacionais de todos os 27 Estados-Membros. Mesmo em caso de aprovação unânime, o acordo ainda demorará de um a dois anos para entrar em vigor.
“O fechamento do acordo em 2019, em meio a recordes de desmatamento, foi algo muito mal visto pela sociedade civil europeia e por uma parte significativa de políticos de diversos espectros. Também existe a resistência de setores do agronegócio europeu. Esse clima adverso já levou as lideranças parlamentares de diversos países a se declararem contra o acordo”, afirma Carolina Pavese, professora de Relações Internacionais da ESPM SP.
Para a professora, o fator ambiental não é a única variável relevante no revés. O esfriamento da relação do Brasil com países do MERCOSUL e da UE têm ainda mais peso. “O presidente não realizou nenhuma visita diplomática a países da UE desde o início de seu mandato e também não colocou as relações com os países do MERCOSUL como prioritárias na sua política externa. Para bons acordos comerciais, é necessário primeiro abrir as portas com diplomacia”, afirma Carolina.