As apurações para a Assembleia Constituinte que deverá escrever a nova carta magna do Chile apontam por um lado para uma vitória retumbante dos candidatos independentes e dos partidos de esquerda e, por outro, para uma derrota fragorosa dos partidos de direita liderados pelo presidente Sebastián Pinera que conseguiram pouco mais de 20% dos votos (em torno de 37 deputados constituintes), o que impedirá que possam brecar propostas mais radicais da constituição herdada do regime militar de Augusto Pinochet (ver imagem abaixo).
Além disso, a capital do Chile, Santiago, elegeu uma comunista, Iraci Luiza Hassler, para ser a sua próxima prefeita, o que por si só demonstra o tamanho do baque sofrida pelos partidos da direita e até da centro-esquerda que se acostumaram ao revezamento no poder desde o final do regime militar de Pinochet.
O fato é que com essa derrota acachapante da direita, que perde o direito a vetar mudanças drásticas na Constituição pinochetista, o povo chileno acaba de enterrar a ordem neoliberal que foi imposta pelo regime militar. Essa derrota do modelo neoliberal deverá servir de exemplo para toda a América Latina.
Uma lição importante é que a derrota eleitoral da direita no Chile só foi possível após poderosas mobilizações sociais, inclusive aquela que impôs a realização de uma assembleia constituinte que agora tem seus deputados eleitos. E que isto sirva para a esquerda que continua apostando em um parlamento controlado pelos defensores do neoliberalismo para obter mudanças pontuais, enquanto acumulamos derrotas estratégicas.