Sem negociar com sindicatos, Petrobrás anuncia retomada do trabalho presencial

Dividido em três fases, o retorno de 20 mil empregados que estão em teletrabalho está previsto para ocorrer até janeiro do próximo ano

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Rio de Janeiro, 10 de setembro de 2021 – A Petrobrás anunciou aos seus empregados do quadro administrativo que a retomada gradual das atividades presenciais da companhia será dividida em três fases. O retorno em “ondas” ao trabalho presencial, iniciado em julho de 2021, terá continuidade no próximo mês. De acordo com o calendário da empresa, os petroleiros têm até esta sexta, 10, para se posicionarem sobre a “Onda 1”, com início previsto para o dia 1º de outubro. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos acreditam que este retorno vem sendo promovido de forma precipitada e sem a necessária negociação com as entidades de classe.

“Muitos trabalhadores são do grupo de risco, devem precisar de uma terceira dose da vacina. No caso do Rio de Janeiro, há o agravante de ser o epicentro da variação Delta, que é mais transmissível, segundo a OMS. A gente considera precipitado esse retorno, além de estar sendo feito sem diálogo. A empresa não procurou o sindicato para negociar. Vamos intervir para impedir isso e orientamos os trabalhadores e trabalhadoras que forem do grupo de risco a se manterem no teletrabalho”, afirma o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.

Em agosto, o governo do município do Rio de Janeiro afirmou que a capital do estado é o epicentro da variante Delta no país, em um ofício interno da Superintendência de Regulação, o que vem provocando um aumento de casos da doença. Em artigo publicado no dia 30/8, o Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, explica que o grande problema da variante Delta é o seu alto poder de transmissibilidade. “Ela é considerada uma variante de preocupação por ser mais transmissível do que as anteriores (Alfa, Beta e Gama), o que a faz mais contagiosa do que a cepa original”.

As “ondas” começaram pela “Onda 0” em julho, com gerentes-executivos e gerais no Edifício Senado, no Rio de Janeiro. Após a “Onda 1”, de outubro, estão previstas ainda as ondas 2 (novembro) e 3 (dezembro). No modelo da gestão, os trabalhadores têm até o dia 10 de cada mês para se manifestarem sobre a permanência no teletrabalho (que passa a ser híbrido) ou para retorno total no mês seguinte. Na “Onda 1”, o limite de vagas em cada local de trabalho é de 20%.

Segundo o Sindicato dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro Unificado SP), na última quarta-feira (08), a FUP realizou reunião para discutir a maneira mais adequada para os trabalhadores voltarem às atividades presenciais, considerando normas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e fundações de pesquisa brasileiras, como a Fiocruz e o Butantã. Cibele Vieira, diretora da entidade, afirmou que o principal problema da decisão da empresa foi a falta de diálogo com a categoria sindical. “O que questionamos é a falta da participação do movimento sindical nesse planejamento de retorno da companhia. Não tivemos espaço para participar da discussão, só fomos avisados”, explicou.

Em julho deste ano, a FUP apresentou à Petrobrás uma pesquisa realizada com funcionários que trabalham remotamente neste período de pandemia. Os dados demonstraram que 92% dos entrevistados querem que o regramento do teletrabalho seja negociado com os sindicatos; 87% entendem que é preciso uma regra mais transparente sobre os critérios de quem pode ou não estar em teletrabalho; 81% querem previsibilidade sobre o tempo de permanência; 86% dos trabalhadores em home office são favoráveis ao controle da jornada, tanto para os que têm horário fixo, quanto flexível; e 54% preferem permanecer no teletrabalho integral após a pandemia da Covid-19.

A Petrobrás tem mais de 41 mil empregados; cerca de 21 mil em prédios administrativos. Desde março de 2020, início da pandemia, mais de 90 por cento dos trabalhadores destes prédios ficaram em regime de home office. As “ondas” de retorno ao trabalho presencial do setor administrativo da Petrobrás pretende ter 100 por cento do efetivo até janeiro de 2022.

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