José Antonio Kast, candidato de extrema-direita derrotado neste domingo no Chile, em momento de congraçamento com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro
Com a apuração das urnas do segundo turno nas eleições presidenciais no Chile tendo chegado a 98,7%, o resultado ainda parcial mostra uma tendência irreversível para uma vitória maiúscula do candidato Gabriel Boric que concorria contra José Antonio Kast, um saudosista da ditadura de Augusto Pinhochet. O embate que se encerra no Chile colocava dois campos claramente opostos em termos dos rumos que deverão ser seguidos no país andino nos próximos anos. Para quem não acompanhou o pleito, Kast era visto como uma variante ainda mais direitista do presidente Jair Bolsonaro.
É importante notar que a coligação que deu sustentação à Gabriel Boric, um líder estudantil que esteve envolvido nas fortes mobilizações que ocorreram no Chile ao longo das últimadas décadas contra a herança da ditadura de Augusto Pinochet, tem em sua coligação a presença do Partido Comunista do Chile, o que dá uma clara conotação da esquerda à sua candidatura.
Por outro lado, a vitória de um candidato de esquerda e da derrota de um candidato de extrema direita, em um país tão polarizado como o Chile, representa uma forte guinada na América do Sul. E os efeitos dessa vitória já devem estar assombrando governos de extrema-direita que terão que passar pelo teste das urnas em 2022, a começar pelo Brasil que é governado por uma espécie de clone do candidato que foi derrotado hoje no Chile.
Uma questão a mais nessa vitória se refere ao programa e a política de alianças que foi traçada pela frente de esquerda chilena que promete redesenhar o Estado chileno e retorná-lo para uma versão mais comprometida com o modelo do bem estar social e bem distante do Neoliberalismo imposto pela ditadura de Augusto Pinochet. Paulo Guedes deve estar inconsolável em Brasília….