Em um artigo que acaba de ser publicado pela revista científica “Environment International“, um grupo binacional de pesquisadores estabeleceu uma relação direta entre o alto nível de uso de agrotóxicos, a contaminação de água usada para consumo humano com a incidência de câncer em municípios produtores de grãos na região Oeste do Paraná (ver imagem abaixo).
Embora já exista uma ampla literatura disponível sobre o impacto do consumo crônico de resíduos de agrotóxicos, o estudo que teve como autora principal a professora Carolina Panis, do Faculdade de Medicina da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), traz cálculos importantes que mostram a relação entre o nível de uso de agrotóxicos nas monoculturas, a consequente contaminação dos mananciais hídricos e seu consequente impacto para o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer.
Os pesquisadores foram ainda capazes de identificar que dois agrotóxicos Mancozebe e Diurom teriam sido responsáveis pela ocorrência de 80% dos casos de câncer que foram identificados. Além disso, a pesquisa identificou que dos 27 agrotóxicos identificados na água consumida pela população dos municípios estudados, 11 deles são potenciais causadores de câncer.
A principal questão é que na mesma forma que a região foco do estudo existem hoje no Brasil diversas partes do Brasil que estão submetidos ao mesmo nível de emprego de agrotóxicos em função da predominância de grandes áreas de monoculturas (especialmente as de soja), o que pode implicar no fato de que a epidemia de câncer desvelada por esta pesquisa esteja mais disseminada do que havia sido determinado até agora.
E é por isso que eu me somo a quem diz que o “Agro não é pop”, o “Agro é tóxico”.
Quem desejar baixar o artigo publicado por Carolina Panis e colaboradores, basta clicar [Aqui!].
Isso ja se sabia desde a proibição do DtD nós anos 80,e estudos em outro país
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O problema é que da década de 1970 para cá, um número impressionante de venenos agrícolas foram criados e colocados no mercado, o que causou um aumento exponencial do uso e, consequentemente, dos impactos ambientais e sobre a saúde humana. A questão é que se aprendeu muito pouco com os problemas causados pelo DDT.
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Sou formado em gestão ambiental e gostaria de informações sobre o assunto
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Prezado Renato, o grupo de pesquisa do professor Luciano Candiotto da UNIOESTE vem desenvolvendo uma série de pesquisas sobre este tópico na UNIOESTE de Francisco Beltrão (PR). Sugiro que você acesse o CV Lattes dele e verifique outras publicações acerca deste tópico. Em relação à questão da relação entre exposição a agrotóxicos e impactos sobre a saúde humana e sistemas ambientais, uma publicação que considero importante é o chamado “Dossíê Abrasco” que pode ser acessado neste link: https://abrasco.org.br/dossieagrotoxicos/
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Seria muito importante complementar a reportagem citando soluções para a grande necessidade atual e cada vez maior, em aumentar a produção e produtividade na lavoura brasileira.
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Prezado Edson, este blog vem abordando este assunto de forma intensa desde sua criação em 2011. E pretendo continuar abordando o problema do prisma que considero importante, pois considero que produção e produtividade não são necessariamente requisitos para o uso abusivo de agrotóxicos como está ocorrendo neste momento.
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Você diz que o agro é tóxico más precisa se alimentar três vezes pôr dia, esse alimento vêm do agro.
Pare de comer e não vamos mais precisar de agricultura, com certeza seus problemas vão ser resolvidos.
Os produtores rurais não usam agrotóxicos porque querem usam porque não há outra opção.
Esse é um problema de todos não só dos agricultores, todos devem pensar em uma solução para resolver isso,ao invés disso só sabem fazer críticas e culpar a agricultura,sem falar que o esgoto da sua casa vai direto para o rio e você nem se preocupa com isso,nem faz nada a respeito para resolver o problema do seu próprio esgoto.
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Prezado Edson, não será com esse tipo de argumento que você vai alterar a drástica realidade imposta pelo uso abusivo de agrotóxicos no Brasil. É que já está demonstrado por dados científicos que mais da metade dos grãos produzidos não são para alimentação humana, e que 1/3 da comida produzida no mundo acaba sendo jogada no lixo. Se houver menos desperdício e menos agrotóxico, ganharemos todos. E sobre o meu esgoto, te convido a ler mais o meu blog para ver o que eu ando falando sobre isso.
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Eu não me somo a essa turma do “Agro e tóxico”… me somo a turma que produz, que alimenta essa nação! Sim, assim como qualquer setor urbano, temos nossos problemas, nossas dificuldades e sim, sempre estamos tentando evoluir, com manejos menos dependentes de químicos, saibam que não e fácil, mas possível! E preciso cobrar, é preciso estudar e justificar os porquês das coisas, mas não podemos crucificar exclusivamente este setor… Muito menos generalizar pensando que todos são exageradamente poluintes…
Falar que o agro não e pop e sim tóxico, e fácil, mas e fazer o seu papel lá na cidade, de não ser aquele cara que vai pra uma estrada deserta descartar lixo, que larga seu esgoto direto no riacho no fundo da casa… Pois vcs largam o próprio lixo na água que tomam….
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Jeferson, ainda que existam exceções no agronegócio, elas são exceções. Além de estudar o uso de agrotóxicos há mais de 20 anos, venho de uma família fortemente rural e que tem membros produzindo comida na agricultura familiar. Assim, me desculpa, para além dos títulos acadêmicos, a minha vivência me permite escrever o que escrevo neste blog sem nenhum medo.
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Quais os requisitos, instrumentos, insumos, forma de produzir que levem a substituir o atual modelo e que atenda a necessidade de suprir a alimentação de mais sete bilhões de pessoas em condições de custos adequados?
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Eduardo, há um amplo debate sobre os modelos alternativos ao modelo da Revolução Verde e já existem experiências que dispensam o uso de agrotóxicos. Aliás, a União Europeia vai cortar o uso de agrotóxicos pela metade até 2030 em nome de um modelo menos dependente de venenos agrícolas. Leia aqui: https://blogdopedlowski.com/2022/06/22/uniao-europeia-estabelece-plano-para-reduzir-uso-de-agrotoxicos-pela-metade-ate-2030-para-restaurar-seus-ecossistemas-naturais/. Algo para substituir o modelo de uso intenso e abusivo de agrotóxicos eles devem ter, pois 2030 é logo ali.
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E é por isso que eu me somo a quem diz que o “Agro não é pop”, o “Agro é tóxico”.
Sabemos que medidas precisam ser adotadas em relação ao uso abusivo de agrotóxicos. No entanto, como vemos nesta publicação o maior contaminador dos recursos hídricos é o esgoto oriundo dos grandes centros, este não é tratado como “tóxico” dando a impressão deste sim ser o “pop”, por que essa diferença? Por que se houve tantas críticas a expansão agrícola, e ao que tange a saneamento básico parece passar baixo por diversas vezes…?
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Jones, creio que o problema dos esgotos é grave, mas os dos agrotóxicos é mais grave ainda. O ideal seria diminuir o lançamento de esgotos in natura e de agrotóxicos em nossos mananciais. No caso do presente artigo o foco foi agrotóxicos até porque aqui no Brasil se omite fortemente o impacto desses venenos no desenvolvimento de doenças graves como o câncer.
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Maior incidência de câncer no mundo foi quando começou o uso do óleo de soja, este é um maior causador da doença. Quando cozinhavamos com banho de porco quase não se falava em câncer, e hoje está em todas faixa etária de idade.
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Leandro, não apenas o óleo de soja, mas todos os vegetais. Lembre ainda que eles são causadores primários de obesidade.
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Produzir sem agrotóxicos, é possível. O problema é produzir com custos que possibilitem que a maioria das populações do mundo possam se alimentar. Não existe almoço grátis. A existência do ser humano no planeta tem um custo. E vai ficar mais caro ainda com o aumento da população.
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Prezado Amauri, obrigado pelo comentário. Mas a verdade é que não precisa produzir mais, apenas desperdiçar menos, como mostram dados do PNUMA (https://www.dn.pt/sociedade/um-terco-dos-alimentos-produzidos-no-mundo-e-desperdicado-14049871.html#:~:text=Segundo%20o%20relat%C3%B3rio%20da%20UNEP,gerados%20em%20todo%20o%20planeta.). De preferência, com menos agrotóxicos, pois aí teríamos menos desperdício e comida mais saudável.
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Sou produtor e esse é meu negócio.
Dizer que nao se produz alimentos em larga escala, sem uso de agrotóxicos é uma verdade. Pelo menos hoje.
Mas vejo que existe um movimento ainda que muito pequeno, buscando alternativas para a redução do uso ou sem uso de agrotóxicos.
Temos o exemplo da família Schefer do estado do Mato Grosso, eles acreditam e eu também, essa pode ser uma alternativa dentre várias que eu penso que irão surgir.
Steven Chi, Nobel de Física, apontado pela Forbes, ver…….
https://forbes.com.br/forbesagro/2022/07/nobel-de-fisica-pede-uma-quarta-revolucao-agricola/
……mostra que existe uma convergência mundial para este caminho.
Será um grande desafio, aumentar a produção, reduzir o uso de agrotóxicos, quebrar paradigmas, mas vejo que será preciso. E uma questão de saúde humanitária………
Esse estudo Prof. MARCOS, só vem a confirmar uma realidade existente , e que talvez nos ajude a buscar alternativas para resolver esse problema.
Precisamos produzir sim, mas com inteligência e qualidade, afinal de contas falamos de vidas, talvez a nossa.
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Prezado Leandro, obrigado por este comentário! Penso que temos concordância nos itens fundamentais do seu texto. Lembro apenas que a questão do aumento da produção seria minimizado se o desperdício fosse diminuído já que hoje se joga fora pelo menos 30% de tudo que é produzido. E desejo sorte na sua busca por formas de produzir que dependam menos do uso de agrotóxicos. É desse tipo de esforço que dependemos todos.
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