A revelação antecipada do plano de arrocho de salários e aposentadorias coloca Paulo Guedes e Jair Bolsonaro em mais um momento delicado em um relacionamento já turbulento
Enquanto a campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro mostra robustez (muito em parte ao derrame abundante de dinheiro público em diversas ações de ditribuição aos trabalhadores e mais pobres), (ver imagem abaixo), há nela um quê de imprevisibilidade, muitas vezes por problemas causados pelo presidente e seus principais ministros. A mais recente prova disso foi o furo de reportagem do jornal Folha de São Paulo sobre o plano do ministro Paulo Guedes em desindexar o reajuste do salário mínimo e das aposentadorias do indíce de inflação passada.
Esse plano é uma verdadeira bomba atômica, na medida em que, de forma objetiva, haverá uma perda ainda maior maior do poder de compra dos trabalhadores e aposentados, já que a correção planejada deverá ter consequência o fato de que o reajuste dado ficará abaixo da realidade inflacionária.
Por causa deste anúncio, o comando de campanha de Jair Bolsonaro já realizou pressões para que Paulo Guedes desminta o seu próprio plano como uma “fake news”, o que o ministro fez de forma apenas parcial, o que contribui de forma prática para confirmar que o plano existe e será aplicado, caso Jair Bolsonaro vença o segundo turno.
Salários e aposentadorias desindexados causarão aumento da fome e da miséria
Para um país que paga um dos piores salários mínimos do planeta e onde o valor das aposentadorias da maioria das pessoas não garante sequer a compra dos remédios, esse plano significará jogar mais pessoas na miséria e o aumento das pessoas em condição de fome.
Mesmo para um governo ultraneoliberal como o de Jair Bolsonaro, a simples intenção de piorar o que já está ruim parece não fazer muito sentido. O problema é que Paulo Guedes é visto dentro do governo Bolsonaro como o garantidor da redução dos direitos sociais garantidos pela Constituição Federal de 1988, enquanto que fora dele é tratado como um despreparado para entender elementos mínimos do funcionamento da economia brasileira.
O mais emblemático é que a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro tem mostrado na sua propaganda um caminho oposto ao que pretende Paulo Guedes pretende implantar se Jair Bolsonaro for reeleito. O nome disso, obviamente, é estelionato eleitoral já que os eleitores que votarem em Bolsonaro estarão votando em um programa que, na prática, não existe.
De certo apenas uma coisa: se Jair Bolsonaro conseguir se reeleger, haverá um profundo arrocho salarial e nas aposentadorias, pois as benesses de campanha estão gerando um buraco difícil de ser preenchido com o simples andamento dos fundamentos econômicos.
Finalmente, ganhando ou perdendo, o que se pode antecipar será ainda uma volta dos preços escorchantes dos combustíveis e uma grande disparada no preços dos alimentos. Esse cenário jogará o Brasil em um redemoinho perigoso de agitação social.