As organizações da ONU estão soando o alarme em vista dos números persistentemente altos. A vontade política que sobra para fazer guerra, falta para combater a fome
Importante para a nutrição global, mas atualmente em perigo: colheita de trigo na Ucrânia (08/09/2022)
Por Ina Sembdner para o JungeWelt
Enquanto a riqueza global continua a crescer, bilhões de pessoas permanecem sem acesso seguro e regular a alimentos suficientes. 2,4 bilhões de pessoas, para ser preciso, o que representa quase 30% da população mundial. Este número para o ano passado vem do relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2023“, publicado em Roma na quarta-feira pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (IFAD), o Fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF, o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além disso, milhões de pessoas – sobretudo na África, onde uma em cada cinco é afetada – voltaram a sofrer várias formas de fome. Também em 2022, havia 739 milhões, quase tanto quanto em 2021 e ainda significativamente mais do que antes da pandemia de corona em 2019, quando havia cerca de 613 milhões de pessoas sofrendo de fome ou desnutrição. A Organização das Nações Unidas, na verdade, havia se proposto a querer eliminar a fome no mundo até 2030 – o que, diante dos acontecimentos atuais, é ilusório. No prefácio do relatório, os chefes das cinco organizações da ONU agora têm que admitir que 600 milhões de pessoas ainda passarão fome em 2030. E continua a “vontade política” de “implementar soluções em larga escala”, como reclama o presidente do FIDA, Álvaro Lario. “Podemos erradicar a fome
No entanto, o mundo ocidental está longe disso. A principal prioridade aqui é a guerra e a militarização. Além de conflitos como na Síria ou no Iêmen e os efeitos da mudança climática, o relatório culpa a Rússia e sua invasão da Ucrânia “com suas consequências para o abastecimento de grãos nos países mais pobres”. Nem uma palavra sobre as consequências das sanções ocidentais, que afetam severamente o comércio de fertilizantes.

Este texto escrito originalmente em alemão foi publicado pelo jornal “JungeWelt” [Aqui!].