Com ritmo de liberações semelhante ao de Jair Bolsonaro, Lula mantém Brasil afundado em uma agricultura baseada na monocultura de exportação e fortemente dependente de agrotóxicos
Como adiantado em postagem anterior, o “Observatório dos Agrotóxicos” do Blog do Pedlowski divulga hoje (22/10) a base de dados contendo os 410 agrotóxicos liberados pelo governo Lula entre 01 de janeiro e 10 de outubro. Apesar de ser relativamente trabalhosa, a compilação dos agrotóxicos liberados por diferentes atos publicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) que hoje é comandado pelo ruralista e defensor do “Pacote do Veneno, o senador Carlos Fávaro (PSD/MT).
Quem inspecionar os dados sobre os 410 agrotóxicos liberados pelo governo Lula poderá observar algumas tendências que já se mostravam evidentes durante o governo de Jair Bolsonaro. Uma delas é a aprovação de agrotóxicos que já estão banidos em outras partes do mundo por terem sido identificadas uma série de consequências ambientais e sobre a saúde humana (com destaque para produtos que já estão associados ao desenvolvimento de câncer, por exemplo).
A segunda tendência é a presença cada vez mais evidente de agrotóxicos ditos “genéricos” que são fabricados principalmente na China, muito em função da expiração das patentes originais nos países de origem. Outro questão é que muitos desses agrotóxicos genéricos são compostos por princípios ativos que já foram retirados do comércio dos países onde foram originalmente desenvolvidos por serem muito tóxicos para o ambiente e para os seres humanos.
O governo Lula descumpre a promessa de trabalhar por uma agricultura de base ecológica
Com a manutenção de um ritmo bastante alto de aprovação de agrotóxicos, o governo Lula descumpre uma das promessas da campanha eleitoral de 2022 e do próprio discurso da vitória do presidente Luís Inácio Lula da Silva que é justamente apoiar o fortalecimento da agricultura familiar e da produção orgânica de alimentos.
Em seu discurso da vitória, o presidente Lula citou explicitamente o seu compromisso com a modificação das bases da agricultura brasileira para um modelo ecologicamente sustentável. No entanto, a manutenção do ritmo de liberação de agrotóxicos somada à falta de investimentos no desenvolvimento de projetos de base agroecológica demonstra que esse discurso ainda está longe de materializado em políticas públicas.
A raíz desse descumprimento é a contínua aposta na exportação de commodities agrícolas que, além de serem dependentes de agrotóxicos, está associada ao processo de desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Com isso quem acaba ganhando mais é a China que além de comprar soja barata do Brasil mantém uma forte influência no mercado de agrotóxicos.
A base principal e as planilhas com os atos publicados desde agosto
Como a última vez que publiquei a base geral dos dados agrotóxicos liberados pelo governo Lula, além da base geral agora com 410 agrotóxicos, estou disponibilizando as planilhas relativas aos atos 37, 39, 42 e 45 . Desta forma, os leitores do blog poderão baixar também identificar os agrotóxicos liberados em cada um dos atos assinalados.