
Por Mongabay.com
O desmatamento na Amazônia brasileira diminuiu pelo oitavo mês consecutivo, apesar da região ser afetada por uma grave seca.
De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento em novembro totalizou 201 quilômetros quadrados. Isto eleva a perda acumulada nos últimos doze meses na maior floresta tropical da Terra para 5.206 quilómetros quadrados, o que é 51% inferior ao valor registado durante o mesmo período do ano passado.
Desde janeiro de 2023, o desmatamento atingiu 4.977 quilômetros quadrados, marcando uma redução de 50% em relação aos dados do ano passado.
O declínio do desmatamento persistiu apesar de uma das secas mais severas já registradas na Amazônia. Esta seca levou à secagem dos rios, contribuiu para a extinção generalizada das florestas e criou condições propícias à propagação de incêndios na região. Como resultado da crise, as comunidades remotas ficaram isoladas, a poluição atmosférica intensificou-se e a segurança alimentar foi comprometida, conforme relatado por fontes locais .
No entanto, embora o desmatamento na floresta amazónica tenha diminuído, continuou a aumentar no Cerrado – uma savana tropical localizada a sul e a leste da Amazónia. Em novembro, o desmatamento no cerrado totalizou 572 quilômetros quadrados, elevando a perda total no ano passado para 7.594 quilômetros quadrados. Isso representa o nível mais alto registrado desde que o INPE introduziu seu atual sistema de alerta em 2018.
Tanto o cerrado quanto a Amazônia são alvos da expansão agrícola no Brasil.
Dados de média móvel mensal e de 12 meses para dados de alerta de desmatamento para o cerrado do sistema DETER do INPE
Os dados são divulgados no momento em que o Brasil se posiciona como líder nos esforços de mitigação das mudanças climáticas na cúpula climática COP28. Na semana passada, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou uma proposta de 250 mil milhões de dólares destinada a proteger as florestas tropicais do mundo.
Os investigadores alertam que, devido aos efeitos combinados do desmatamento e das alterações climáticas, a Amazónia pode estar a aproximar-se de um ponto de inflexão onde vastas áreas da floresta tropical poderão transitar para um ecossistema mais seco, semelhante ao Cerrado. Tal desenvolvimento poderia perturbar os padrões de precipitação regionais e globais, desencadear a libertação de milhares de milhões de toneladas de carbono e levar à extinção de inúmeras espécies.
Imagens de satélite do Rio Negro no Brasil mostrando o efeito da seca de 2023 na Amazônia. Imagem cortesia do Planeta.

Este texto escrito originalmente em inglês foi publicado pelo Mongabay.com [Aqui!].
