No boicote ao Carrefour, latifundiários mostram que carne vermelha vale muito mais do que o direito à vida dos negros brasileiros

carrefour morte

A última semana vem sendo marcada por um enfrentamento dos latifundiários exportadores de carne e a rede francesa Carrefour por conta de uma decisão de uma carta enviada pelo seu CEO, Alexandre Bompard à Federação Nacional dos Sindicatos dos Produtores Rurais (FNSEA), o maior sindicato de produtores rurais da França, onde ele declarou que “o Carrefour quer se unir ao setor agrícola e agora se compromete a não comercializar nenhuma carne do Mercosul””. 

Bastou essa declaração cujo efeito se restringe ao mercado francês para que os grandes frigoríficos brasileiros, liderados pelo latifundiário e dublê de ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarassem guerra ao Carrefour no Brasil, suspendendo a entrega de carnes situadas em território nacional. Na prática, esse gesto extremo causa danos limitados à rede francesa, mas pode criar embaraços sérios para os consumidores brasileiros já que com o desabastecimento deverá haver um aumento dos preços.

Agora o que me parece interessante lembrar é que não se viu nada parecido com isso quando seguranças do Carrefour mataram a pancadas João Alberto Silveira Freitas em uma das lojas da rede na cidade de Porto Alegre.  O detalhe é que João Alberto era um trabalhador negro que teve o azar de cair nas garras dos empregados de uma empresa de segurança terceirizada que prestava serviços ao Carrefour. 

Mas há que se lembrar que a rede Carrefour já se envolveu em inúmeros casos de violência contra pessoas negras no Brasil, sendo que o caso de João Alberto foi apenas o que teve um desfecho mais extremo. Entretanto, nem antes, nem depois da morte de João Alberto, não se viu qualquer reação dos fornecedores de carne às lojas da rede francesa no Brasil que, lembremos, também detém o controle do Atacadão e do Sam´s Club.

Moral da história: para o latifúndio agro-exportador brasileiro, liderado pelas empresas de carne, mais vale defender o naco de 0,5% que a França representa nas vendas internacionais de carne brasileira do que o direito à vida dos trabalhadores negros que se dirigem para comprar nas lojas do Carrefour.

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