Cara de poucos amigos de Luiz Fernando Pezão na entrega da obra do Liceu de Humanidades de Campos revela tensão de quem sabe que a situação ainda vai piorar mais até as eleições de outubro.
Quem viu imagens da entrega da reforma inconclusa do prédio do Liceu de Humanidade de Campos viu que o vice (des) governador Luiz Fernando, o Pezão, estava menos sorridente do que o (des) governador Sérgio Cabral. Ainda que aquela “cerimônia” fosse efetivamente para promover a sua candidatura para as eleições de outubro, Pezão manteve na maior parte do tempo uma face sombria. Os motivos que podem ter causado aquele estado de ânimo são múltiplos, mas a verdade é que Cabral está saindo do seu (des) governo deixando uma herança tão maldita, que nem a máquina que o PMDB tem nas mãos está sendo suficiente para alavancar a imagem de Pezão que, pasmem, está no posto que ocupa há 7 anos. Se sua candidatura não deslancha não é por causa da sua personalidade flácida ou da sua falta de oratória. O Brasil já elegeu personagens que reconhecidamente eram piores do que Pezão, alguns até em primeiro turno.
Em relação à Pezão, eu diria que no caso das universidades estaduais, ele já andou perdendo chances de ser um contraponto à Sèrgio Cabral em vários momentos. No caso específico da UENF, Pezão chegou a se reunir com a diretoria da ADUENF, prometeu resolver o problema em uma semana, e depois sumiu na poeira. Esse episódio certamente vai pesar na hora em que Pezão vier procurar apoio dos docentes não apenas da UENF, mas também da UERJ e da UEZO. E o problema é que ao longo do tempo em que Sérgio Cabral e Pezão comandam o (des) governo no Rio de Janeiro, as universidades estaduais foram sendo paulatinamente massacradas a partir de uma política de asfixia financeira que deixa (des) governantes ainda menos queridos parecendo, por comparação, exemplos de tempos que já foram melhores.
Mas esqueçamos as universidades estaduais por um minuto. Se olharmos a situação dos serviços públicos de transporte, a situação é incrivelmente ainda mais trágica. A coisa anda tão ruim sob a batuta de Cabral e Pezão que especialistas da área estimam que o Rio de Janeiro está à beira de um colapso. Sinais disso não faltam nas barcas, metrô e trens urbanos, o que é complementado pela política “arrasa quarteirão” que o (des) prefeito Eduardo Paes adotou na cidade do Rio de Janeiro. Ir ao Rio de Janeiro hoje é quase como padecer no paraíso, caso o destino seja a zona sul. Se for do centro para outras regiões da cidade, a coisa está mesmo para inferno.
Para aprofundar os problemas de Pezão até a decantada políticas das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) está visivelmente fazendo água e parecendo o que realmente é: uma intervenção policial militar em regiões pobres com o objetivo de promover e/ou facilitar a remoção de milhares de famílias para regiões mais distantes, normalmente para o interior de unidades habitacionais de tão exíguo e qualidade duvidosa. Aliás, os cubículos para onde estão sendo empurrados no Rio de Janeiro só servem mesmo para enriquecer ainda mais os donos das grandes construtoras que, surpresa das surpresas, têm sido as principais financiadoras das campanhas do PMDB fluminense.
Diante desse quadro, posso até entender porquê Pezão parecia tão abatido na visita ao Liceu de Humanidades de Campos. O problema para ele é que a partir de 04 de Abril, a herança maldita de Sérgio Cabral será toda dele, e ai quero ver sobrar tempo para fazer campanha eleitoral.