
Por Mauro Iasi
E aí… como vão as coisas? As coisas vão bem, mas a vida, infelizmente, não.
Vivemos uma total inversão de prioridades. Os governantes, ministros, empresários e especialistas passam o tempo todo buscando uma forma de produzir mais coisas, vender mais coisas, obter mais lucros com as coisas produzidas e vendidas; equilibrar finanças, conter custos, evitar gastos. Eles acreditam que, se tudo der certo para as coisas, também vai dar certo para as pessoas. Se a economia vai bem, o país vai bem, as pessoas também vão bem. Não é?
Parece que não. Faz tempo que descobrimos que a saúde da economia não significa que o povo esteja indo bem. Durante o “milagre” econômico propagado pela Ditadura, a economia se desenvolveu com taxas crescentes, mas disso resultou num país profundamente desigual, tanto social quanto regionalmente, com a concentração de riquezas e propriedades nas mãos de poucas pessoas, produzindo um abismo entre ricos e pobres.
Mas qual seria a raiz desse problema? Uns afirmam que precisamos diminuir o peso do Estado e dar mais espaço para a economia de mercado. Outros defendem que é necessário maior presença do Estado para o bom funcionamento da economia de mercado. Esses senhores e senhoras parecem concordar em que não há como superar a economia de mercado. E com menos ou com mais Estado, temos mais capitalismo.
Eles querem nos fazer crer que a disputa é entre a orientação “neoliberal” (ou seja, mais mercado) e a orientação “neodesenvolvimentista” (mais Estado). Será mesmo? Vejamos as coisas mais de perto.
Nenhuma das opções enunciadas é nova (daí este termo “neo” que se coloca na frente de liberal ou de desenvolvimentista) e as duas se alternam em nossa história sempre se apresentando com uma grande alternativa que finalmente vai fazer funcionar a economia capitalista corretamente, corrigir suas distorções e produzir um país desenvolvido, mais igual e justo. Um ciclo com mais Estado é seguido por outro em que a presença muito forte do Estado é criticada e a liberdade do mercado é defendida até ser criticado por outro que vai defender a volta do Estado para nos salvar do descontrole do mercado neoliberal.
Estas falsas opções escondem muita coisa. Primeiro, o capitalismo exige a presença tanto do mercado livre como do Estado e os dois sempre estiveram presentes, às vezes com mais ênfase em um, outras vezes no outro. Em segundo lugar, escondem que isso gera um crescimento que beneficia apenas uma pequena parte de nossa sociedade, exatamente os donos daquelas empresas que lucram no mercado e que, quando vem a crise, correm para serem salvas pelas bondades, isenções, subsídios, renúncia fiscal, contratos públicos e empréstimos generosos promovidos pelo Estado.
O que é certo é que, enquanto eles sempre ganham, os trabalhadores sempre pagam a conta. Trabalhamos muito nos períodos de crescimento para sermos jogados ao desemprego na crise; adoecemos e sofremos acidentes de trabalho para sermos descartados; construímos casas para não termos onde morar; batemos todos os índices de produtividade na produção de carros para nos apertarmos no transporte público (explorado por empresários do setor privado, é lógico).
E então? Não está na hora de mudar de verdade?
Nós produzimos tudo nesse país. Somos metalúrgicos, petroleiros, pedreiros, motoristas, garis, professores, médicos, agricultores e, como não somos de ferro, também fazemos música, poesia e pintamos a vida com cores vivas e fortes em telas e muros. E se nós controlarmos os meios necessários para produzir de forma diferente nossa vida, decidindo juntos o que fazer, como fazer e como distribuir?
Nós chamamos isso de socialismo e é essa nossa proposta para o Brasil. Isso é, de fato, novo, muito novo em nosso país. Nessa eleição deixe prá lá estes “neo” velhos e escolha o novo, escolha o socialismo.
Viva o poder popular!