Hoje li com alguma perplexidade uma entrevista no Jornal Folha da Manhã com o professor Paulo César Rosman (Aqui!), onde ele reafirma sua hipótese de que o Porto do Açu não está relacionado com o processo de erosão na faixa de areia ao sul do quebra-mar que protege o Terminal 2 do Porto do Açu. A perplexidade não é pela hipótese em si, mas pela ausência de qualquer suporte empírica para qualquer isenção da estrutura portuária sobre a erosão em curso na Praia do Açu.
Mas ao contrário do Professor Rosman, contratado pela Prumo Logística, eu continuo utilizando os Relatórios de Impactos Ambientais (RIMAs) utilizados para obter as diversas licenças ambientais emitidas pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) como guias para minhas reflexões.
Deste modo, vejamos o mapa abaixo que determina a área de influência direta e indireta do Porto do Açu na paisagem costeira, onde fica expresso que a Praia do Açu está dentro da área de influência direta!
Outro aspecto que me parece importante notar é que, ao contrário do que tem sido declarado, não há um boom de construção civil na Barra do Açu, e muito menos ainda na área de influência direta das marés. Quem usa este tipo de argumento veria o tamanho da besteira que está se falando com uma simples caminhada pela extensão da Praia do Açu, pois ali existem apenas construções muito antigas. É que a população, dotada de seu conhecimento tradicional, sabe do risco de se transpassar a área crítica para construção. Além disso como a maioria dos habitantes é sábia, já é de domínio público que a violação desse limite tradicional implicaria na perda de recursos financeiros escassos.
Eu também tentei entender a lógica de se fazer uma avaliação sobre a influência dos efeitos da construção do Porto do Açu ao limite imediato dos quebra-mares, deixando de fora justamente a área que está sendo erodida. Além disso, o professor Rosman passou maus bocados quando moradores humildes lembraram a ele que existem dois navios (vejam imagens abaixo) que trabalham 24 horas durante todos os dias da semana para remover areia que está se depositando no interior do Canal de Navegação, e que seria justamente essa areia que está “faltando” na Praia do Açu. De quebra, esta dragagem é que explicaria a falta de acumulação de sedimentos no quebrar marte norte. Se eu bem me lembro da expressão na face do Professor Rosman, a mesma era de uma perplexidade maior do que a minha ao ler suas declarações na Folha da Manhã.
Agora, para que a vibrante audiência que ocorreu na Câmara de Vereadores de São João da Barra não seja desperdiçada, eu sugeriria que o vereador Franquis Arês para que uma visita de campo entre o trecho compreendido para barra da Lagoa do Açu e o quebra-mar sul. Como tenho experiência neste tipo de atividade, iria participar com todo prazer, e ainda convidaria o Professor Eduardo Bulhões para acompanhar a comitiva.
Finalmente, não é teremos a fase da Lua Cheia, o que poderá causar transtornos ainda maiores para a população da Barra do Açu. Em função disso, espero que a Prumo Logística esteja se preparando para, parafraseando as palavras do seu Gerente Geral de Sustentabilidade, Vicente Habib Reis, não virar as costas para os moradores da Praia do Açu, e ajudar no socorro caso isto se faça necessário.

