
A explicitação da grave crise que ameaça o funcionamento da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) foi alvo de uma coletiva de imprensa convocada pelo reitor da instituição, Prof. Luís Passoni, e está tendo uma ampla repercussão na mídia regional (Aqui!, Aqui!, Aqui!, Aqui! e Aqui!).
De fato, a situação que Uenf atravessa é muito grave, pois as dívidas acumuladas giram em torno de R$ 11 milhões, incluindo as contas de água, luz e telefone. Com isso, paira sobre a instituição criada por Darcy Ribeiro a possibilidade de fechamento imediato, já que sem água e luz não haverá como garantir o seu funcionamento básico. O prejuízo desse fechamento seria imenso, pois as centenas de projetos de pesquisa e extensão, bem como as atividades de ensino estariam solapadas e comprometidas por um bom tempo.
Agora curiosa é a reação dos setores que ocuparam a reitoria da Uenf por quase uma década. Confrontados com a presença de um reitor que explicita a realidade em que efetivamente a universidade está vivendo, esses setores estão denunciando nas redes sociais o reitor por supostamente colocar de volta na mesa de ações do (des) governo do Rio de Janeiro a possibilidade de que a Uenf seja absorvida pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Esse tipo de reação é problemática, pois joga mais água no moinho da confusão já que se aluda a um cenário improvável para se questionar a decisão de mostrar a crise como ela está. Mas, por outro lado, explicita a dificuldade de que os que foram apeados da reitoria pelo voto democrático possuem em enfrentar a realidade que ajudaram a construir a partir de uma postura em que objetivamente se escondia a crise de financiamento na qual a Uenf foi imersa pelo (des) governo do Rio de Janeiro sob a batuta de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão.
O fato é que não há a menor possibilidade de que a Uenf seja absorvida pela Uerj neste momento histórico. Por um lado, a Uerj mal consegue dar conta dos seus próprios problemas e, por outro, a identidade institucional da Uenf está tão bem demarcada que não haveria como implementar o seu rebaixamento à condição de uma mera seção da sua irmã mais velha.
Agora, melhor seria se os que hoje repercutem esse tipo de anti-propaganda contra as ações de transparência da atual reitoria. Quem sabe assim, pelo menos, esses setores saiam do seu mundo de “Alice no País das Maravilhas” e acordem para a dura realidade em que nos encontramos. A Uenf e a população do Norte Fluminense agradecem!