A mídia corporativa fervilhou ontem com notícias sobre a efetiva submissão do (des) governo Pezão às demandas draconianas do grande amigo dos banqueiros e atual ministro “de facto” da Fazenda, Henrique Meirelles. Pelo que se transpira, o Rio de Janeiro vai ser o rato de laboratório de um ajuste draconiano, tendo como alvo principal a Companhia Estadual de Águas e Esgostos do Rio de Janeiro (CEDAE) que deverá ser privatizada, sabe-se lá em quais condições, mas certamente por um preço bem camarada.
Confirmada a capitulação do (des) governo Pezão, o Rio de Janeiro terá efetivamente um novo (des) governador que será Henrique Meirelles. É que feito o acordo sob as bençãos provavelmente monocrática da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) não restará mais nada a Pezão e seu (des) secretário de Fazenda a não ser cumprir as ordens que forem ditadas por Meirelles e sua equipe de economistas ultraneoliberais.
Aliás, eu diria que até a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro poderia fechar suas portas, visto que a partir da assinatura deste acordo a coisa mais profunda que deverá ser analisada sob a batuta de Jorge Picciani e seus colegas será a concessão de placas e medalhas.
O que não fica dito nestas tratativas é que ao capitular em face do governo “de facto” de Michel Temer, o (des) governador Pezão o fará pensando na sua própria sobrevivência, apenas isso. É que Pezão tem muto com o que se preocupar, haja vista os enrolos em que andam metidos seus parceiros Sérgio Cabral Filho e Hudson Braga. A estas alturas o (des) governador Pezão deve andar matutando quando é que será arrastado para o centro do picadeiro das delações e das prisões pouco convencionais que estão ocorrendo no âmbito da Lava Jato e da Calicute.
Essa verdade é que deve estar acelerando Pezão a capitular a Meirelles, e ao segundo a aceitar sua capitulação. É que todos que andam nos meios políticos sabem que a quebra do Rio de Janeiro pouco tem a ver com petróleo, e muito a ver com a festança que Sérgio Cabral e Pezão instalaram no Palácio Guanabara, tendo como parceiros os empreiteiros e, sim, as joalherias.
Para os servidores públicos nada virá de bom das tratativas em curso, e muito menos para a população. É que o pano de fundo dessa suposta salvação é a ampliação do controle privado do Estado, preferencialmente pelos banqueiros que Henrique Meirelles representa, e a retirada de direitos trabalhistas e o encarecimento ainda maior das tarifas públicas.

E é por isso que eu afirmo: esqueçamos de Pezão e nos concentremos em Henrique Meirelles, pois este será aquele quem nos (des) governará de fato. Basta olhar na foto acima e ver quem está no centro da mesa comandando as tratativas.