Anos atrás morava num prédio, o que tornava inevitável o encontro com meus vizinhos e suas diferentes personalidades e faixas etárias. Um dos meus encontros diários era com uma menina na faixa dos 4 anos que volte e meia aparecia com sua roupa de ballet rosa, sempre muito bonita. Numa manhã resolvi confraternizar com a jovem dançarina e a cumprimentei pela beleza de seus trajes de dança. Indo um pouco além no meu gesto de simpatizar com minha jovem vizinha, perguntei-lhe qual era o seu nome. Do alto do seu 1 metro de altura, ela devolveu para completo momento de vergonha de sua simpática mãe um retumbante: meu nome é ninguém! Dali em diante, sempre que a encontrava, eu então perguntava, como está ninguém? E ela respondia que estava bem.
Pois bem, por que me lembrei da menina que hoje já deve ser uma adolescente? É que conversando com um colega que conhece bem o cotidiano dos jornalistas que cobrem o Palácio Guanabara, o cenário que ali perdura é que ninguém responde por nada, e não há mais qualquer referência sobre quem procurar para obter informações importantes sobre os caminhos e descaminhos do estado do Rio de Janeiro.
Esta situação de completa ausência de comando começa com o fato de que o vice (des) governador, Francisco Dornelles, não está em condições físicas de sequer comparecer ao Palácio Guanabaram após passar por uma delicada cirurgia. Já o (des) governador Luiz Fernando Pezão resolveu mudar de mala e cuia para Brasília em busca de um resgate financeiro que possa dar-lhe mais alguns meses de sobrevivência no cargo. Já as secretarias da Casa Civil e de Governo, ocupadas respectivamente ocupadas por Christino Áureo e Affonso Monnerat, nem de longe possuem a desenvoltura e a capacidade operacional de Régis Fitchner e Wilson Carlos que reinaram quase soberanos junto com o hoje presidiário Sérgio Cabral. Tampouco existe uma figura do calibre do ex (des) secretário Sérgio Ruy para organizar a tropa de choque do (des) governo nas áreas mais sensíveis de relação com o funcionalismo estadual. De quebra, o atual (des) secretário estadual de Fazenda, Gustavo Barbosa, parece ter escolhido acompanhar o (des) governador Pezão em suas perambulações em Brasília a tentar resolver os múltiplos pepinos que estão sob os cuidados de sua pasta.
Para piorar o que já é péssimo, esse vácuo de comando no executivo estadual cria enormes dificuldades na Alerj onde a antes disciplinada base de apoio de Pezão anda mais perdida do que barata tonta. A coisa fica ainda mais sombria quando se verifica que o presidente da Alerj, além dos seus problemas judiciais, está tendo que enfrentar uma dura batalha com um câncer bastante agressivo.
Em suma, vivenciamos uma condição nesse (des) governo que beira a anomia, onde cada um está tentando cuidar de seus próprios interesses, deixando a situação chegar a uma condição bastante crítica.
A boa coisa nesse caos é que fica muito mais fácil concretizar a máxima do “rei morto, rei posto”. E de preferência via eleições diretas. Mas como normalmente ninguém sai do bem bom do poder sem resistir, há que se ocupar ruas e demandar o imediato desse (des) governo lamentável. Do contrário, o Rio de Janeiro ainda vai afundar mais sob essa condição de completo ausência de governo que ainda mescla um profundo “salve-se quem puder”.
Verdade verdadeira e absoluta. Estamos em terra de ninguém. Virou a cssa da mãe Joana.
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Claudeilde, acho que até a Casa da Mãe Joana era mais organizada.
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