Os avanços tecnológicos dos últimos anos vêm transformando significativamente o panorama das sociedades democráticas. Estas mudanças afetam não somente o modo substancial das relações sociais, mas também o funcionamento das atuais instituições e estruturas políticas. Para o pesquisador da FGV Direito Rio Fábio Vasconcellos, o que deve ser discutido, segundo ele, é a forma como a internet é utilizada e monitorada no que diz respeito à coleta de informações relevantes para a tomada de ações.
“A internet tem sido um espaço de amplo debate, o que é bom para a democracia. O problema é que o debate está muito polarizado. Os grupos opostos estão em evidência. Isso é ruim, pois eles não têm interesse em dialogar. Os moderados devem voltar às discussões”, ressalta Fábio Vasconcellos.
O pesquisador da FGV Direito Rio acredita que esse é um momento de transição. Segundo ele, passamos por um momento pedagógico do uso das mídias sociais. “As novas tecnologias estão reinventando o fazer democrático, com o surgimento de novas e eficazes ferramentas de participação popular, inclusive no que diz respeito à possibilidade de o cidadão colaborar com o Poder Público e acompanhar suas ações, com a transparência sem precedentes proporcionada, sobretudo, pela internet”, ressalta o especialista.
Fábio Vasconcellos adverte, no entanto, que há um otimismo exagerado que a tecnologia da informação vai solucionar todos os problemas da descrença nas instituições. Porém, o pesquisador da FGV, alerta que há também pessimismo, em especial, sobre o que poderá ser da democracia cada vez mais digital em um futuro próximo.
“A transparência é algo interessante. Quanto mais você combate a corrupção mais você gera descrença. É um contrassenso que para ser resolvido precisa de investimento em educação. Devemos debater, desde os níveis fundamentais da escola até a graduação, o que é democracia, política e direitos”, explica o especialista.
Eleições de 2018
Fábio Vasconcellos acredita que a campanha eleitoral deste ano terá o seguinte cenário: maior uso das redes sociais pelos candidatos; crise dos meios tradicionais de comunicação; descrença generalizada; discurso político radicalizado e atores tradicionais abatidos pela crise iniciada desde 2014.
“Algumas plataformas estão tentando restringir informações, mas esse não é o melhor modelo. Informação é um elemento fundamental para tomarmos decisões. O ponto focal é qual e de que maneira para que prevaleça a democracia”, pondera Fábio Vasconcellos.
FONTE: Insight Comunicação
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