
Para quem acha que o jogo de espelhos que está ocorrendo em torno da extinção/fusão do Ministério do Meio Ambiente não está sendo acompanhando nos países que consomem os produtos saídos da Amazônia, pense de novo.
Um exemplo disso é a extensa matéria que foi publicada pela “Regnskogfondet” (Rainforest Foundation Norway) , organização sediada em Oslo na Noruega, sob o título “As águas turvas do mar norueguês” onde são apresentadas as ligações da indústria do salmão da Noruega com fornecedores de soja brasileira, e que também serviu para a divulgação de um amplo relatório sobre a produção de soja no Brasil sob o título de ” Salmon on soybeans — Deforestation and land conflictin Brazil”[1].
A matéria começa informando que o salmão que os noruegueses estão consumindo foi alimentado com concentrado de proteína de soja (SPC) do Brasil. E que este produto, que é uma forma avançada de farelo de soja, é fornecido por três empresas brasileiras; Caramuru, Selecta e Imcopa.
A Regnskogfondet informa ainda que a soja entregue na Noruega é essencialmente certificada pelo ProTerra, que, entre outras coisas, garante que a soja não é geneticamente modificada e não contribuiu para o desmatamento. Entretanto, é feito o alerta de que apesar dessa certificação parecer ser boa, é sabido que que muito mais na indústria brasileira de soja não é bom.
Para deixar isso claro, a Regnskogfondet produziu um relatório que confirma que as três empresas brasileiras podem estar associados a crimes graves, envolvendo:
Desmatamento ilegal

Sangrentos conflitos de terra

Uso de pesticidas ilegais

Ocupação de territórios indígenas

Uso de trabalho escravo

A matéria coloca em questão a postura das empresas norueguesas de continuar comprando soja com origem tão problemática e envolvida em tantas violações de direitos fundamentais e da agressão ao meio ambiente.
Como já alertei em postagens anteriores, quem acha que a eleição de um presidente anti-ambiente não será acompanhada atentamente fora do Brasil está completamente enganado. E, mais, se continuar a retórica anti China, o mais provável é que a Europa seja o único destino viável da gigantesca produção de soja brasileira. Mas na Europa, a maioria das pessoas está convencida do papel fundamental que a floresta Amazônica ocupa na regulação climática da Terra. Daí que ninguém se surpreenda se houver uma cobrança mais direta e incisiva em torno das condições em que a soja é produzida no Brasil.
Quem desejar ler o relatório completo que a Rainforest Foundation Norway produziu e que deu base à reportagem analisada, basta clicar [Aqui!].
[1] http://historier.regnskog.no/den-norske-laksens-grumsete-farvann/index.html