Desde a manhã deste domingo venho acompanhando a cobertura que os principais veículos da mídia corporativa brasileira estão fazendo das manifestações que ocorreram em diversas partes do Brasil para expressar apoio ao governo Bolsonaro e sua pauta de retirada de direitos sociais e trabalhistas.
A cobertura prima por não mostrar com todas as palavras o que as parcas imagens veiculadas expressam, qual seja, o fracasso de uma tentativa (se essa era mesmo o objetivo) de mobilizar pelo menos aquela parcela que elegeu o presidente Jair Bolsonaro para presidir o Brasil entre 2019 e 2022.
A razão para que veículos que antes se esmeraram em dar coberturas avassaladoras e que multiplicaram o efeito político das manifestações pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff é simples: a afluência aos atos organizados por setores que estão envolvidos diretamente com a sustentação do governo Bolsonaro foi ínfima, o que certamente reforçará a crise política em que um mandatário com menos de 5 meses no poder já está imerso.
Uma mostra de como a cobertura está sendo benevolente com o presidente Jair Bolsonaro foi o uso de um dado da Polícia Militar do Distrito Federal que o ato realizado em frente ao congresso nacional teria reunido 10.000 pessoas. Olhando as imagens aéreas e mesmo as mais próximas ao local do ato é fácil verificar que esse número estava inflado. Não obstante, o número foi repetido diversas vezes pelo repórter da Globo News que cobria o evento de um ponto elevado, e que poderia ter informado da impossibilidade do número estar correto. Entretanto, isto não ocorreu e passou-se a impressão de que a PM do Distrito Federal havia feito a conta certa, quando evidentemente não fez, no melhor estilo do ministro da Educação Abraham Weintraub.
A principal razão para que o fracasso das manifestações em prol do governo Bolsonaro esteja sendo ocultado pela mídia corporativa é simples: os donos dos principais veículos de mídia estão apostando até suas últimas moedas na reforma da previdência e na manutenção do Brasil enquanto um país que se tornou o paraíso mundial do rentismo e da especulação financeira. É que diversos donos de veículos estão entre os principais beneficiados do saque ao dinheiro público que é feito por meio do rentismo.
Para mim o principal termômetro do que virá após este domingo são as novas manifestações que estão marcadas para os dias 30 de maio e 14 de junho, quando os setores que se opõe ao governo Bolsonaro prometem voltar às ruas para protestar contra os cortes feitos no orçamento da educação e da saúde e, principalmente, contra a reforma da previdência. Se os próximos atos da oposição forem maiores do que os de hoje, a batata do presidente Jair Bolsonaro que já está sendo assada em fogo abaixo periga ser passada para a fase das labaredas altas.
É como disse um amigo meu que possui alta astúcia para analisar a política brasileira. O Brasil é o único país em que a história se repete como farsa. É que para esse amigo, o governo Bolsonaro está cada vez mais parecido com os dias finais de outro governo que prometeu acabar com a corrupção no Brasil, o de Fernando Collor. A diferença é que no presente caso o derretimento está se dando numa velocidade infinitamente maior.
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Se as próximas manifestações pró-povo vão ser fortes como as da educação não sei Professor. Sinto que o fôlego anda curto e o cansaço é uma das armas do governo.
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Essa é uma questão que veremos, Arnaldo. Mas em minha avaliação pelo menos a do dia 14 de junho deverá ser expressiva. Como a de hoje beirou o fiasco, qualquer coisa que seja maior tenderá a apertar o cerco em torno do presidente Jair Bolsonaro.
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