Já tem algum tempo que mídia corporativa brasileira vem vivendo uma lenta agonia por sua incapacidade aguda de se ajustar à emergência das mídias eletrônicas. Em função disso, muitos veículos tradicionais já desapareceram e outros tantos estavam vivendo um processo crônico de definhamento.
Essa situação de agonia é mais explícita nas cidades do interior onde inexiste uma base ampla de leitores e assinantes, o que torna a manutenção de edições impressas quase que um desperdício de papel jornal, pois a maioria dos potenciais interessados já migrou para plataformas eletrônicas que são muito mais eficazes em obter informações e transmiti-las quase em tempo real.
Essa agonia toda tem feito que muitas sirenes tenha soando e resultando no que se convenciona chamar no meio jornalístico de “Passaralhos” com demissões de redações inteiras, as quais estão sendo substituídas por contribuições externas sob a forma dos manjados artigos de opinião, ou pela contratação de estagiários parcamente remunerados (muitos mal entrados nos cursos de comunicação).
Como aquilo que está ruim sempre pode piorar, o presidente Jair Bolsonaro resolveu extinguir uma das últimas fontes de renda da mídia corporativa ao desobrigar a publicação impressa de editais de concursos e licitações em jornais.
Além de ser uma tremenda ingratidão de Jair Bolsonaro com um segmento empresarial que lhe foi muito útil na caminhada para a presidência, essa desobrigação deverá causar o fechamento de muitos veículos tradicionais e outros nem tradicionais assim.
Mas, convenhamos, os principais afetados por essa transição toda serão os vendedores de frutas e hortaliças que ainda utilizam folhas velhas de jornais para embrulhar seus produtos. É que não há sequer vácuo a ser preenchido em função da transição quase completa para as mídias eletrônicas. É que se pode repetir o velho adágio de que “o rei está morto. Longa vida ao rei”.
E vida que segue!