Jair Bolsonaro e Donald Trump durante encontro ocorrido nos EUA.
Como todos sabem, o presidente Jair Bolsonaro é um fã ávido do seu congênere estadunidense Donald Trump. Em função disso, boa parte da sua linha de raciocínio vinha sendo uma espécie de espelho do que Trump estava mandando seu governo e o povo dos EUA fazerem para achatar a curva de difusão da COVID-19. A partir de uma minimização do potencial devastador do vírus, Trump estava efetivamente tratando o coronavírus como uma “gripezinha”, tal como Bolsonaro.
Pois bem, agora que os EUA se tornaram o epicentro global da pandemia causada pelo coronavírus, Donald Trump acaba de fazer um giro considerável em sua posição e enviou cartas à população pedindo que restrinja ao máximo a circulação e que, sempre que possível, os estadunidenses fiquem em casa (ver imagens abaixo).


É interessante nota que as diretrizes de Donald Trump incluem os seguintes pontos:
- Escutar e seguir as determinações dos estados e autoridades locais
- Não ir trabalhar se estiver com sintomas
- Não sair de casa com crianças doentes e chamar a assistência médica
- Idosos e pacientes com doenças crônicas devem ficar em casa
- Isolamento total da família caso haja a confirmação de um caso de COVID-19
- Trabalhar e estudar em casa sempre que possível
- Evitar reuniões sociais e em grupos com mais de 10 pessoas
- Evitar bares e restaurantes, dar preferência a delivery e “para viagem”
- Evitar viagens desnecessárias, para compras ou turismo
- Não visitar berçários ou asilos
- Praticar sempre uma boa higiene
Todas essas orientações são muito semelhantes ao que já foi largamente recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e que países que contiveram a explosão da contaminação por COVID-19 já adotaram.
Pois então, esse momento me parece o mais recomendado e oportuno para que o presidente Jair Bolsonaro tome medidas para fazer o que ele tem mais feito ao longo de 15 meses de governo, qual seja, imitar as ações de Donald Trump.
Aliás, falando em imitar as boas ações de Donald Trump, o governo Bolsonaro poderia também cessar o desfinanciamento do sistema nacional de ciência e tecnologia. É que no recente pacote aprovado pelo Congresso dos EUA, um total de US$ 1,25 bilhão (algo próximo R$ 7 bilhões) para agências federais de pesquisa apoiarem cientistas que tentam entender melhor COVID-19. Além disso, parte desse valor será utilizado para apoiar universidades que fecharam devido à pandemia, algumas das quais poderiam apoiar pesquisas que foram interrompidas.