Jair Bolsonaro e Donald Trump trocaram camisas das seleções nacionais durante encontro na Casa Branca. A derrota de Trump representa uma dura perda política para Bolsonaro no Brasil
A agora confirmada derrota do presidente Donald Trump na sua tentativa de reeleição representa uma dura perda para Jair Bolsonaro no Brasil. É que ao perder eleição, Trump remove de Bolsonaro de se manter como uma espécie de cópia malfeita no Brasil.
Um dos elementos centrais da presidência cambaleante de Jair Bolsonaro tem sido a implementação de uma espécie de “nacionalismo de vassalagem” onde a submissão dos interesses estratégicos do Brasil aos de Donald Trump (e não necessariamente dos EUA) agora terá que se confrontar com a realidade de que o novo presidente estadunidense exigirá (isso mesmo, o verbo é exigir) uma mudança na forma com que o governo Bolsonaro se relaciona os biomas da Amazônia brasileira.
De nada adiantará qualquer simulacro de nacionalismo para dizer que o Brasil tem o direito soberano de usar os recursos naturais existentes na Amazônia como bem entender, pois o agora eleito Joe Biden já disse que exigiria uma mudança na situação de descontrole existente na proteção da Amazônia. Nessa área há ainda que se lembrar que Biden já disse que um dos seus primeiros atos como presidente será recolocar os EUA no Acordo de Paris para combater as mudanças climáticas.
Há ainda que se lembrar que Jair Bolsonaro será compulsoriamente obrigado a mudar os ocupantes dos ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores, o primeiro por ser visto como anti-ambiente e o segundo por ser umbilicalmente alinhado com o ideário de Donald Trump. O que Bolsonaro fará com Ricardo Salles e Ernesto Araújo ainda não se sabe, mas está óbvio que eles não ficarão nos postos que ocupam depois de do 01 janeiro de 2021.
Agora, há que se dizer que em outros aspectos ainda mais cruciais como o da tecnologia 5G e das relações comerciais com a China, a eleição de Joe Biden representa uma péssima notícia não apenas para Jair Bolsonaro, mas principalmente para o Brasil. É que os democratas já indicaram que nesses dois itens, eles deverão adotar uma postura ainda mais agressiva do que a adotada por Donald Trump. Como a economia brasileira hoje respira em função do que a China compra do Brasil, a situação que se abre não será nada fácil. Por isso mesmo, se alguém tem que estar feliz com a vitória de Trump são as corporações estadunidenses e não os brasileiros.
Houve analista de TV brasileira que afirmasse que uma eventual vitória de Donald Trump repercutiria positivamente para os candidatos apoiados por Jair Bolsonaro nas eleições municipais que se aproximam no Brasil. Agora, como temos o resultado oposto, há que se ver qual será a performance dos candidatos apoiados pelo presidente brasileiro. Eu continuo achando que o elemento mais importante da derrota de Donald Trump que foi a sua postura irresponsável frente à pandemia da COVID-19 ainda não foi colada em Jair Bolsonaro no Brasil, o que pode fazer com que ele saia ileso da derrota de Donald Trump.