O alto comando das Forças Armadas lançou ontem uma diatribe na forma de uma nota pública contra um pronunciamento do senador Omar Aziz (PSD/AM) em relação ao envolvimento de oficiais militares em processos de corrupção no interior do governo Bolsonaro.
O problema para os ilustríssimos comandantes militares é que não adianta mandar fuzilar o mensageiro, no caso um senador da república, do que reconhecer que já emergiram fatos e evidências de que algo de muito errado andou acontecendo no Ministério da Saúde, justamente o mais militarizado dos ministérios no governo Bolsonaro, na tentativa de compra superfaturada de vacinas que sequer haviam sido autorizadas para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
E como um bom amigo já observou em suas redes sociais, os dois anos e meio de participação no governo Bolsonaro já lançou mais descrédito sobre as forças armadas do que os longos 21 anos em que eles comandaram o país na forma de uma ditadura. Assim, em vez de culpar Omar Aziz por dizer em público o que milhões de brasileiros já dizem no privado, os comandantes militares deveriam estar mais preocupados com o avanço ainda maior da perda da credibilidade junto à população brasileira.
Como as primeiras reações de Omar Aziz à diatribe dos comandantes militares não foram de recuo, os comandantes militares podem ter dado o famoso tiro pela culatra, não adiantando nada que comecem a ameaçar o congresso com medidas mais duras, sob risco de aumentarem um descrédito que já não é pequeno. Melhor seria que os comandantes começassem a apurar e punir os eventuais envolvidos em casos de corrupção.