A uma semana da Cúpula Climática da ONU, governo Bolsonaro segue apresentando metas vazias
Manaus 2021: os impactos da cheia recorde do Rio Negro Cenas do bairro do Educandos, na Zona Sul de Manaus, um dos mais atingidos pela cheia histórica do rio Negro
São Paulo, 25 de Outubro de 2021 – No próximo domingo, começa em Glasgow a 26ª Conferência das Partes da ONU. Estaremos de olho nas negociações em torno do Artigo 6, no financiamento adequado para países em situação de vulnerabilidade e na eliminação gradativa do uso de combustíveis fósseis. É esperado que haja avanço na finalização do Livro de Regras e que os países avancem na aprovação de mecanismos de financiamento climático. Para nós, o mercado de carbono não é uma solução para a crise do clima e deve ser deixado de fora dos mecanismos de financiamento.
Em vez de políticas de compensação de carbono, defendemos que os países se comprometam com uma mudança sistêmica com foco em energias renováveis, floresta em pé, agroecologia, respeito aos povos indígenas e comunidades tradicionais, em conjunto com a cooperação entre os países para o desenvolvimento de mecanismos de financiamento de não mercado. Os governos precisam se concentrar na elaboração de metas ambiciosas e planos de ação concretos em suas NDCs, além de diretrizes firmes para que as empresas reduzam diretamente as emissões em suas atividades.
O governo Bolsonaro chega à COP 26 sem ter cumprido a agenda climática dentro do território nacional, num momento em que o Congresso Nacional tramita projetos de lei que incentivam a grilagem e flexibilizam o licenciamento ambiental. As taxas de desmatamento crescem exponencialmente desde 2019 e as contribuições nacionais brasileiras são pouco expressivas, sem qualquer política pública clara de alcance de metas. “Bolsonaro negligencia a gravidade da crise climática e apresenta falsas soluções baseadas em mecanismos de financiamento internacional privado e de mercado em território nacional por meio de créditos de carbono que não diminuem as emissões de gases de efeito estufa do país, e sim, criam compensações, onde quem tem dinheiro paga para poluir, em um país que já premia a degradação ambiental”, declara Fabiana Alves, Coordenadora de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil.
O Greenpeace, integrante do grupo Carta de Belém, assinou o manifesto com mais 30 Organizações da sociedade civil brasileira criticando falsas soluções climáticas e ressaltando para mudanças sistêmicas em nossas economias para impedir que o aquecimento global ultrapasse 1.5ºC. Qualquer tipo de compensação de gases de efeito estufa, como o mercado de carbono, serve como uma licença para que grandes empresas continuem poluindo.
“Estamos vivendo a última janela de oportunidades para a tomada de ação em direção a uma mudança urgente e necessária para conter as mudanças climáticas, conforme alertado pelo último relatório do IPCC, e diante da pandemia de COVID-19, a COP 26 também é uma oportunidade única para a reconstrução de uma economia global mais forte, justa e sustentável. Os líderes precisam ir além dos compromissos já assumidos e respaldar suas promessas em planos, políticas e investimentos nacionais concretos.”