Lula em estilo professoral deixa clara sua superioridade sobre Jair Bolsonaro

Lula JN

Como muitos brasileiros fizeram ontem, assisti à entrevista dada pelo ex-presidente Luís Inácio da Silva no “Jornal Nacional” da TV Globo.  Em termos gerais, como outros comentaristas já fizeram, ficou evidente  a capacidade do ex-presidente Lula em responder de forma rápida e confiante à maioria das perguntas vocalizadas por William Bonner e Renata Vasconcelos. 

Aliás, o que ficou também evidente é que a Rede Globo não está com redatoristas afiados o suficiente para deslocar os candidatos do seu prumo, fato que se repetiu nas três entrevistas já realizadas.  Por isso, por exemplo, a ênfase em centrar a arguição na questão da corrupção (o que, aliás, era esperado) rendeu a Lula a possibilidade de dar algumas das suas melhores respostas. Aliás, a ausência de perguntas sobre elementos cruciais da realidade como a fome e o desemprego mostra que quem preparou o roteiro da entrevista optou por tentar empurrar Lula para fora da realidade.

Porém, usando o espaço como melhor lhe favorecesse, eu diria que Lula nadou de braçada em várias partes da entrevista. Uma que eu citaria é aquele induz o telespectador a comparar os volumes de recursos no chamado “Mensalão” com o que está ocorrendo agora com o chamado “Orçamento Secreto” que segundo Lula reduziu o presidente Jair Bolsonaro ao papel de “bobo da corte”. Esses dois pontos foram, me permitam dizer, brilhantes.

Além disso, a própria ignorância dos dois entrevistadores, principalmente no tópico do agronegócio, possibilitou a Lula a possibilidade de apresentar sua visão, a la o presidente estadunidense no filme “Mars attack!, de que é possível que vivamos (ricos e pobres) como amigos, independente de ser sem terra ou um mega latifundiário como o ex-governador do Mato Grosso Blairo Maggi.

O interessante é que mesmo sob pressão, Lula não precisou recorrer a tantas mentiras como Jair Bolsonaro teve que fazer, como mostra o site “Aos fatos” que comparou as duas entrevistas. Aliás, para achar “mentiras” no que Lula falou, os checadores do “Aos fatos” precisaram apertar muito bem a lupa, o que revela o grau de conforto e conhecimento de conteúdo que o ex-presidente teve na formulação das suas respostas, ao contrário do que aconteceu com Jair Bolsonaro que sempre pareceu desconfortável ao dar suas respostas.

Nem tudo foi um mar de rosas, entretanto

Da minha posição de não eleitor de Lula, algumas de suas falas apaziguadoras (vamos chamar assim), não me surpreenderam. Desde a concessão de supostos erros, passando pelo quase endeusamento de Geraldo Alckmin, e chegando em uma defesa esdrúxula em prol alternância do poder, Lula mostrou que está mais disposto a ser ainda mais acomodador com as elites do que já foi em seus dois primeiros mandatos.

O problema aqui é menos eleitoral e mais político, pois muito do que tivemos desde 2016 foi fruto de uma desmobilização da base social que historicamente esteve ao lado do PT em prol de mudanças políticas no Brasil. E uma conjuntura interna e externa tão difícil, esperar que o simples chamado à união nacional em prol dos pobres seja atendido por aqueles que estão se beneficiando das políticas monetárias de Paulo Guedes (e é disso que se trata) beira a irresponsabilidade.

Compreendo que muita gente está apostando em Lula para retornar o Brasil a um mínimo de equilíbrio, em que pesem seus eventuais defeitos. Acredito que isto seja mais do que compreensível em vista do que esta acontecendo neste momento. Entretanto, como não sou nem eleitor de Lula ou militante do PT, o que me preocupa é o que vamos ter de fazer para recuperar todo o pouco espaço que foi ocupado antes do golpe parlamentar de 2016.

 

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