Ações da Polícia Federal mostram que Campos dos Goytacazes se firmou como vanguarda do atraso político

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As ações da Polícia Federal realizadas pela Polícia Federal em Campos dos Goytacazes para prender ativistas de extrema-direita e documentos que os associe eventualmente aos atos de vandalismo ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro não devem (ou não deveriam) surpreender ninguém que acompanhe com atenção mínima a cena política municipal desde, pelo menos, 2018. É que naquela ano, formandos da Faculdade de Medicina de Campos decidiram por uma fotografia coletiva em que homenageavam o então candidato Jair Bolsonaro tratando-o como “Mito” (ver imagem abaixo), demonstrando uma curiosa opção por um político que não deveria merecer qualquer homenagem de futuros profissionais da saúde.

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Mas a aparição da extrema-direita como um ator proeminente na cena campista não ficou restrito a estudantes entusiasmados com um político do baixo clero que sempre se notabilizou por defender, entre outras coisas, um torturador contumaz como foi o Coronel Brilhante Ustra. Aos longos dos últimos quatro anos, o que se viu foi a colocação de outdoors supostamente financiados por entidades patronais que em uma hora ameaçavam quem não apoiasse os desvarios sendo cometidos por Jair Bolsonaro na condição de presidente da república, para em outra expressar apoio à  sua campanha eleitoral de reeleição (ver imagem abaixo).

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Mas a pitada final nessa proeminência da extrema-direita em Campos dos Goytacazes foi a presença constante de um grupo de apoiadores do agora ex-presidente Jair Bolsonaro na frente da entrada do quartel da 2a. Companhia de Infantaria do Exército, que fica localizado na Avenida Deputado Bartolomeu Lizandro, para expressar a agenda extremista em prol de um intervenção federal, o que na prática significaria a instalação de uma nova ditadura militar no Brasil (ver imagem abaixo).

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Provavelmente as ações da PF no dia de hoje vão servir como uma espécie de “espalha barata” em um grupo que se tornou subitamente visível, apesar de sempre ter estado presente de uma forma mais subterrânea. Entretanto, há que se lembrar que a volta a uma condição mais discreta não vai significar uma conversão ao Estado democrático de direito.  Aliás, muito pelo contrário. O mais provável é que passado o susto das prisões e apreensões, vejamos novamente a extrema-direita em manifestações que reunirão em sua maioria idosos brancos, mas que ainda deverão congregar outros desafetos da democracia para continuarem agindo, ainda que na surdina.

A minha única dúvida é se efetivamente haverá uma busca pelos financiadores destes grupos como está sendo anunciado pelo Ministro da Justiça, Flávio Dino. Se houver, as coisas deverão ficar mais interessantes, pois até as pedras que rolam no Paraíba do Sul sabem que a extrema-direita está sendo financiada por “brasileiros de bens”.

Um comentário sobre “Ações da Polícia Federal mostram que Campos dos Goytacazes se firmou como vanguarda do atraso político

  1. Marcos, amigo, está de faltando algo crucial para análises desse tipo: perspectiva histórica, senão vejamos:

    – Em 1855, Campos dos Goytacazes mantinha 37 mil cativos negros para 55 mil habitantes livres, em uma das maiores proporções da época, já que a cidade foi um dos destinos prediletos do “mercado interno” que se formou após as interdições inglesas ao tráfico humano pelos mares;

    – Campos teve vários mortos na década de 30, em conflitos a céu aberto entre integralistas e varguistas;

    – É aqui a sede principal da TFP, e aqui a sede do único caso de cisma católico até hoje, onde conviveram duas igrejas, com dois bispos;

    – Em 1966, tivemos o primeiro prefeito “cassado nas urnas”, no golpe da sublegenda;

    – Aqui se incinerou os corpos da ditadura, nos fornos das usinas;

    – Eu poderia enumerar tantas outras “qualidades históricas” que até cansa…

    Então, corrija o texto: Campos atende ao chamado de sua tradição histórica de enclave conservador e tacanho!!!!

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