O ministro Camilo Santana, que ficou tão impressionado com o desmonte do governo Bolsonaro em sua pasta, decidiu renomear técnico que operou a implementação do NEM
Nos primeiros dias de 2023 marcou o início do terceiro mandato do presidente Luís Inácio Lula da Silva e junto vieram as expectativas de que os quadros técnicos que executaram as políticas do governo Bolsonaro seriam removidos, sendo substituídos com outros que trariam mudanças longamente antecipadas em áreas chaves como saúde e educação.
Passados pouco mais de três meses, aquelas expectativas estão rapidamente se dissipando em face da manutenção de quadro técnicos que definiram e executaram as políticas que deram materialidade aos discursos do presidente Jair Bolsnaro. Um exemplo disso foi a renomeação, via a Portaria No. 603 de 30 de março de 2023, de Fernando Wirthmann Ferreira para o cargo de coordenador-geral de Ensino Médio da Diretoria de Políticas de Educação Integral Básica da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação e Cultura (MEC) (ver figura abaixo).
Antes que alguém se pergunta como um técnico que serviu no governo Bolsonaro está sendo recolocado para executar as mesmas funções no governo Lula, eu indico que se olhe no CV Lattes de Fernando Withmann. É que lá está declarado que ele foi um dos responsáveis por “subsidiar a implementação da política nacional do ensino médio, contemplando o Novo Ensino Médio (NEM) e o Programa de Fomento ao Ensino Médio em Tempo Integral”. Em outras palavras, Fernando Wirthmann é um dos técnicos que levou à frente do NEM durante o governo Bolsonaro, e está retornando ao posto que ocupava para muito provavelmente continuar levando à frente esse monstrengo (vídeo abaixo mostra bem o que coordenador-geral de Ensino Médio pensa sobre o NEM).
Desta forma, a nomeação de um técnico que serviu ao governo de Jair Bolsonaro para servir no governo Lula mostra uma coisa óbvia: ao menos no que se refere ao NEM, o governo Lula será uma continuidade do governo Bolsonaro. Curiosamente, em sua fala ao Grupo Lide/Ceará, o Ministro Camilo Santana afirmou que a revogação do NEM seria uma volta ao passado. Na verdade, como se vê nessa nomeação, manter o NEM é o manter o governo passado, no caso o de Jair Bolsonaro.
Desta forma, que não se tenha nenhuma ilusão de que o NEM será revogado apenas com conversas com Camilo Santana e sua equipe no MEC, Fernando Wirthmann incluso. Para que esse projeto de pasteurização da educação pública seja derrubado, o caminha será o da mobilização social.