Na visita de Estado à China, Lula não se intimida com os EUA e Brasil amplia cooperação econômica
Xi JinPing e Lula na cerimônia de boas-vindas em Pequim (14/04/2023)
Por Volker Hermsdorf para o JungeWelt
Um golpe doloroso para Washington. “Ninguém impedirá o Brasil de expandir suas relações com a China”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em encontro com seu colega chinês, Xi Jinping, em Pequim na sexta-feira. Claro, ele também pode estar interessado em um relacionamento descontraído com os Estados Unidos, mas não ao preço da subordinação. Pouco antes da recepção no Grande Salão do Povo, Lula havia assegurado ao presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji, que a China era “parceira preferencial do Brasil” enquanto Washington tentava arduamente isolar a superpotência asiática.
As conversações com Xi Jinping, aguardadas com grande expectativa em todo o mundo, foram o ponto alto da visita de Estado de quatro dias, durante a qual foram assinados 20 acordos comerciais e de parceria, entre outros. Ambos os parceiros anunciaram que irão fortalecer ainda mais os laços entre seus países “em diversas áreas” nos próximos quatro anos. “Ontem fizemos uma visita à Huawei para mostrar ao mundo que não temos preconceito em nossas relações com a China”, continuou Lula provocando os EUA na reunião de chefes de Estado. Seu governo ficou irritado com a visita demonstrativa da delegação brasileira de alto nível à gigante da tecnologia em Xangai, que Washington considera um risco à segurança. »Com a China temos os fluxos de comércio exterior mais importantes. Com a China temos o maior volume de comércio exterior,jW ) para discutir”, rebateu Lula. Ao mesmo tempo, ele repetiu a sugestão de que os dois países busquem alternativas ao dólar em suas transações comerciais.
Ao contrário de Lula, a chanceler alemã, Annalena Baerbock, repetiu posições familiares de Washington durante sua visita inaugural de três dias à cidade de Tianjin, no norte da China, e posteriormente também à capital. Ela pediu ao governo de Pequim que não entregue armas à Rússia, criticou o fato de a China não ter chamado a “Rússia agressora” no Conselho de Segurança das Nações Unidas para “parar esta guerra”, alertou os anfitriões para “respeitar os direitos humanos” e advertiu a República Popular de uma “escalada no conflito de Taiwan”.
O ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, reagiu educadamente, mas com firmeza, às declarações pouco diplomáticas da visitante. Como um aceno para o poste da cerca, Qin reafirmou a posição de seu país “de não entregar armas para áreas de crise e para as partes em conflito”. A questão de saber se o mesmo poderia ser dito da Alemanha estava naturalmente no ar. Em resposta à exigência de Baerbock de que a venda de “bens com possível uso militar” como tecnologia de TI, software ou produtos químicos seja interrompida, o diplomata referiu-se de forma ambígua aos requisitos legais aplicáveis na China. A conhecida retórica de guerra de Baerbock foi provavelmente a base de seu conselho “para não derramar mais óleo no fogo”. O governo da China está comprometido em “promover a reconciliação e avançar nas negociações de paz”, disse ele.
Este texto escrito originalmente em alemão foi publicado pelo jornal “JungeWelt” [Aqui!].