Estudo publicado pela Frontiers in Public Health relaciona dieta contendo alimentos contaminados por agrotóxicos ao desenvolvimento de câncer no Brasil

agrotoxicos

A partir dos últimos dados publicados liberados em 2018 pelo “Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos” (PARA), um grupo de pesquisadores de diferentes instituições públicas de ensino superior do Paraná e de Santa Catarina, do Instituto Nacional do Câncer e da Universidade de Montréal do Canadá produziram um estudo publicado na revista científica Frontiers in Public  Health que lança luz sobre o consumo de alimentos contaminados por diferentes tipos de agrotóxicos e sobre o risco de desenvolvimento de diferentes tipos de câncer associados diretamente à dieta alimentar dos brasileiros.

Uma das novidades deste estudo é que os pesquisadores não apenas identificaram o número de agrotóxicos presentes em cada alimento analisado , mas também apontaram os tipos de câncer que estão relacionados a cada um desses agrotóxicos. Além disso, o estudo aponta para a necessidade de que se leve em conta a interação que acaba ocorrendo no organismo dos indivíduos que consomem múltiplos tipos de agrotóxicos, cada um deles sendo potencial causador de diferentes formas de câncer (ver figura abaixo).

alimentos residuos

Os autores alertam para a gravidade do problema relacionado à exposição a alimentos contaminados por agrotóxicos e lembram que “aproximadamente 80% dos agrotóxicos autorizados no Brasil não são permitidos para uso em pelo menos três países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), incluindo países que têm a agricultura como atividade econômica essencial”.   O problema é que várias das principais empresas fabricantes dessas substâncias proibidas estão sediadas em países que são fornecedores diretos de agrotóxicos utilizados em larga escala pelo latifúndio agro-exportador no Brasil e na maior parte do chamado Sul Global.

Os autores argumentam ainda que a exposição a agrotóxicos no Brasil viola muitos direitos humanos da população, na medida em que o direito à vida é potencialmente violado quando os agrotóxicos contaminam os alimentos e a água para consumo humano. 

O que mostrará o PARA após quatro anos de liberou geral do governo Bolsonaro?

Há que se lembrar que o PARA ficou paralisado durante os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro, o mesmo período em que foram liberados 2.030 agrotóxicos, muitos deles inclusos na lista de agrotóxicos banidos na União Europeia. Como nesse período também foram afrouxados os mecanismos de comando e controle, o que inevitavelmente deve ter aumentado o uso descontrolado de agrotóxicos, inclusive naquelas culturas produzidas para abastecer o mercado interno de frutas e legumes.

A questão é que muito certamente a próxima edição do PARA deverá trazer informações que confirmarão a extrapolação dos limites considerados seguros para a presença de resíduos de agrotóxicos nos alimentos consumidos pelos brasileiros. E com isso, como mostrado neste estudo, a chance de que as relações de sinergia entre os diferentes agrotóxicos presentes nos alimentos produzidos para alimentar os brasileiros também estejam mais aceleradas não é nada desprezível.

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