Especialista comenta decisão do Ibama sobre veto à exploração de petróleo pela Petrobras na Foz do Amazonas

Para Philip Martin Fearnside, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), não é possível fazer a exploração de forma segura

corais-petroleo

Na última quarta-feira (17), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) anunciou parecer contrário ao projeto de exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas pela Petrobras. A empresa informou que vai recorrer da decisão.

Para Philip Martin Fearnside, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), membro da Academia Brasileira de Ciências e que já foi identificado como o segundo cientista do mundo em citações sobre aquecimento global (Thomson-ISI), a decisão do Ibama de vetar a exploração pela Companhia foi acertada, já que não é possível desenvolver a atividade na região de forma segura.

“Não é possível fazer uma proposta de exploração na Foz do rio Amazonas de forma segura. Isto é comprovado pelo evento Deepwater Horizon, que aconteceu no Golfo de México, em 2010, quando um poço de petróleo da empresa British Petroleum vazou a uma profundidade de 1,5 km e jorrou petróleo durante meses, até ser estancado”, comenta o especialista.

“O derramamento causou danos bilionários e mostrou que ninguém no mundo tem a capacidade de controlar vazamentos nessa profundidade, inclusive o Brasil. Todo o discurso de como o país tem grande capacidade na área de exploração petrolífera no mar nunca foi testado por um vazamento a grande profundidade. A proposta na Foz do Amazonas inclui poços ao dobro da profundidade do poço do desastre do Golfo de México”, acrescenta.

Ainda de acordo com Philip, os riscos são principalmente de vazamento e, nas profundidades previstas, o petróleo derramado atingiria uma vasta área. “As correntes marinhas levariam o óleo ao norte, atingindo as costas do Amapá, Guiana Francesa, Suriname e Guiana. Assim, a atividade petroleira na região ameaça não só o Brasil, mas também os países vizinhos. Haveria ainda sérios impactos nos ecossistemas marinhos. O estuário do rio Amazonas, além de ter importante biodiversidade, é uma grande fonte de pescado, que abastece a cidade de Belém”.

Sobre a Rede de Especialistas em Conservação da Natureza

A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil e alguns do exterior que trazem ao trabalho que desenvolvem a importância da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. São juristas, urbanistas, biólogos, engenheiros, ambientalistas, cientistas, professores universitários – de referência nacional e internacional – que se voluntariaram para serem porta-vozes da natureza, dando entrevistas, trazendo novas perspectivas, gerando conteúdo e enriquecendo informações de reportagens das mais diversas editorias. Criada em 2014, a Rede é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores. Acesse o Guia de Fontes em www.fundacaogrupoboticario.org.br 

10 comentários sobre “Especialista comenta decisão do Ibama sobre veto à exploração de petróleo pela Petrobras na Foz do Amazonas

  1. Pingback: Especialista comenta decisão do Ibama sobre veto à exploração de petróleo pela Petrobras na Foz do Amazonas | - Portuguese.HCNTimes.com

  2. Até concordo com a preocupacao ambiental nesse caso, mas se basearmos na profundidade teremos que parar a produçao de petróleo nas bacias de Campos, Sergipe Alagoas e de Santos, esta ultima inclusive ja responde por 70% da producao total e tem lamina d’agua acima de 2000m de profundidade, onde também sera dificil controlar qualquer tipo de vazamento além de impactar quase todo litoral do sudeste.
    Tem que ver direitinho pois se o argumento principal for esse, me desculpe mas teremos que rever essa postura.
    Eu trabalho na area e posso afirmar que ninguém no mundo esta preparado para grandes vazamentos, mas mesmo assim explora-se petroleo na sibéria, no mar do norte, na costa da nova zelandia, no alasca, enfim em diversos locais independente das condições.
    Por ultimo cito o exemplo no da Base de Urucu, onde a Petrobras ja produz há mais de 30 anos sem nunca ter ocorrido grandes vazamentos. Sendo inclusive esta unidade exemplo para o resto do mundo de convivencia harmoniosa de industria e preservação ambiental.

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  3. A expertise nesse caso é bem clara: encontra-se na Petrobras, não nos tecnocratas do Ibama que vivem no conforto urbano a mais de 2000 km de distância e são absolutamente insensíveis às aspirações da população do Amapá, como se verifica pelas opiniões manifestadas pelos participantes dessa reunião ocorrida em Oiapoque, na última sexta-feira. Provavelmente, a maioria deles sequer era nascida quando a Petrobras começou a explorar petróleo submarino, foram mais de 1000 poços produtivos em mais de meio século sem um único problema de vazamento sério. Os argumentos usados nada têm de científicos ou lógicos, são meramente ideológicos, motivados por uma visão utópica sobre a Amazônia, tanto a Legal como o bioma.
    https://www.diariodoamapa.com.br/cadernos/politica/pesquisa-na-costa-amapaense-para-exploracao-de-petroleo-e-gas-e-discutida-no-oiapoque/

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  4. Em primeiro lugar, precisa ficar claro o que representa o termo “foz do Rio Amazonas”. Sob o ponto de vista oceanografico, a foz do Amazonas praticamente se estende em direcao Norte,uma vez que suas aguas chegam ateh o litoral das “Guianas” (Francesa, Suriname e Inglesa). As aguas do Rio Amazonas seguem em direcao Norte, parelelas aa costa do Amapah devido aa correntes marinhas. Margem Equatorial eh uma designacao ecologica, de uma enorme extensao da ampla plataforma costeira, uma area de baixa profundidade que se extende por quilometros de largura.

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  5. O especialista que viu o filme! O nome do prospecto é Macondo, Deepwater Howrizon o filme. Muito foi aprendido com o Macondo. O que aconteceu lá foi, como sempre, uma sucessão de erros, tendo sido o mais grave o fato que as gavetas do BOP (mecanismo para interromper o fluxo em um vaso extremo) foi incapaz de o fazer nas juntas de conexão dos dutos. Hoje com o aprendizado de Macondo isto não ocorreria, uma vez que todos os BOPs do mundo foram revistos. Na opinião do especialista não é seguro viajar de avião afinal não se viu o caso doa acidentes aéreos? Esquece ele que todos os dias ocorrem milhares de voos sem nenhuma intercorrencia, assim como são perfurados dezenas de poços.

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  6. Na minha opinião
    Não devemos autorizar a Petrobrás abrir este poço de Petróleo nesta Região
    Se acontecer um acidente neste local, vai ter problema não só para o Brasil e países vizinhos

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  7. Oportuna reflexões sobre os imbróglios Constitucionais: Direitos Mineral, Ambiental e Social, acirrados nas questões recentes sobre as Licenças (LP/LO) Petróleo da Foz do Amazonas (AP/PA) e a Explotação de Jazidas Subterrâneas da Silvinita de Autazes (AM).

    O texto constitucional, ao versar sobre recursos da Geodiversidade, fixa uma separação jurídica entre a propriedade do solo/subsolo e a propriedade mineral, atribuindo sua titularidade à União, alcançando as jazidas, minas e recursos minerais, submetendo-se ao regime de dominialidade pública.
    Nesse diapasão, impõe-se a clareza sobre “Princípios” que alicerçam as Disciplinas Jurídicas e da Geodiversidade:
    a) “Princípio da Precaução”: que surgiu no Direito Alemão (1970);
    Vorsorge, significa antever os riscos à saúde e ao meio ambiente, a partir de pesquisa ampla e harmônica sobre relações causa e efeito, ainda que não se tenham interpretações conclusivas sobre o risco;
    b) “Princípio da Rigidez Locacional das Jazidas/Minas”: Significando que concentrações anômalas de hidrocarbonetos e metálicos ocorrem onde a Geodiversidade caprichosamente condicionou. Logo, estão onde estão, sendo impossível a realocação humana do “Pré-sal do Leque Aluvial da Foz do Amazonas” (AP/PA) ou das camadas de sais ricas em Silvinita/Carnalita da Sinéclise Sedimentar do Amazonas (Autazes, Itacoatiara e Silves).
    Ademais, importa enfatizar que a implantação de um Projeto de Mineração ou Explotação de Petróleo/GNP (fases de Pesquisa/Sondagem até Lavra), demanda longo intervalo de tempo de investimentos contínuos com fluxo de caixa negativo.
    Nessa perspectiva, impõe-se a necessidade de que o sistema jurídico crie condições de razoabilidade para o exercício do Mineral Business.
    Com efeito, há que utilizar o “Princípio da Precaução” com inteligência, buscando sua essência: não impedir o empreendimento (rigor do uso do “in dúbio pro Natureza”), mas servir de instrumento para criar condições de sua existência com sustentabilidade Socioeconômico e Ambiental.

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  8. Boa tarde a todos.
    O petróleo é o mesmo que Guiana e Venezuela exploram….se acontecer um acidente lá, afetará o nosso litoral norte e “” jamais “” serão ressarcidos os danos causados ( no caso pela Exxon).
    A questão é que não querem o desenvolvimento do Brasil e em especial, dos menos favorecidos.

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