Negacionismo científico em alta na cúpula Petrobras: para explorar petróleo, diretora executiva nega a existência do sistemas de corais da Amazônia

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O sistema de recifes da Amazônia, comprovado cientificamente mas negado pela Petrobras

Em abril de 2018, este blog noticiou a publicação de um artigo científico pela revista “Frontiers in Marine Science dando conta da existência de um complexo sistema de recifes na foz do Rio Amazonas.  Com comprovações científicas irrefutáveis, a descoberta revolucionou o conhecimento científico acerca do estabelecimento de sistemas de recifes em águas lamosas. Um dos cientistas responsáveis por essa descoberta foi o professor e pesquisador do Laboratório de Ciências Ambientais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), Carlos Eduardo de Rezende.

coral reefs

Mapa do Great Amazon Reef System (GARS) mostrando locais de amostragem. A área cinza denota a área potencial coberta por recifes mesofóticos (56.000 km2). As letras A-D correspondem aos locais em que características típicas dentro de um gradiente de profundidade de 70 a 220 m.

Eis que na semana passada, a diretora executiva de exploração e produção da Petrobras, Sylvia Anjos, se utilizou de uma aula na Coppe, o instituto de pós-graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (achei isso um ultraje, já que em universidade pública deveria ser proibido atacar o conhecimento cientifico) para negar a existência dos corais da foz do Amazonas afirmando que tal sistema não passaria de uma “fake news científica“.

A razão para esse ataque a algo que já foi demonstrado científicamente é simples: a Petrobras quer impor a exploração de petróleo em uma região de grande biodiversidade e de alta importância social a despeito de todas as incertezas sobre a segurança das operações que seriam ali conduzidas.

O ataque da diretora executiva da Petrobras é uma demonstração de que a empresa, apesar de todas os esforços de greenwashing que realiza, continua presa em uma visão de exploração e produção que desconhece não apenas a existência de algo que foi objetivamente demonstrado pela ciência (no caso a existência de uma área de alta biodiversidade e singularidade ecológica), mas também os complexos processos ambientais que isso causa, a começar pelas mudanças climáticas que hoje ameaçam a sobrevivência da Humanidade.

A questão agora é de como a silente ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vai reagir a este ataque ao conhecimento científico, especialmente porque envolve a ampliação de riscos climáticos, algo que parece ser uma das questões estratégicas para 2025, ano em que a Petrobras pretende começar a perfurar na região em que este ecossistema altamente singular existe.

4 comentários sobre “Negacionismo científico em alta na cúpula Petrobras: para explorar petróleo, diretora executiva nega a existência do sistemas de corais da Amazônia

  1. Os blocos estão a 300km da foz do Rio Amazonas…. Existem artigos de professores estudiosos da Bacia da Foz do Amazonas, não só das universidades do Norte como da UFF, que dizem não ter corais na área onde serão perfurados os poços. Lâmina d’água entre 2000 e 3000m na área dos blocos , corais precisam de luz…. Existem sim, corais de milhares de anos atrás, que já são rochas. Antes de publicar ataques, ouça os dois lados e tire suas próprias conclusões, sem ser tendencioso.

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    • Márcia, o fato é que os estudos cientificos mostram que existe sim um rico sistema de recifes na foz do Amazonas e que o mesmo está vivíssimo. Aliás, tem professor da UFF que é autor dos artigos que mostram isso e agora nega o que assinou e defende o que você reproduziu. Quem faz isso deveria pedir para tirar seu nome das publicações científicas, não acha? Afinal, ou se está com a ciência ou com o negacionismo da cúpula da Petrobras.

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      • https://aepet.org.br/noticia/cientista-refuta-greenpeace-sobre-a-existencia-de-barreira-de-corais-na-foz-do-amazonas/

        Qual interesse do Greenpeace ou o que está por trás dos interesses em barrar a exploração na ME? Virou questão política, milhões já foram gastos para cumprir as exigências do IBAMA e sempre surgem mais exigências absurdas. Até quando? Será uma questão de semântica? Já foram perfurados 95 poços na bacia em água rasa, sem acidentes de derramamento de óleo. Agora, com todos os recursos que a Petrobras tem e com as tecnologias disponíveis para agir rapidamente em caso de vazamento, o Ibama, dando ouvidos ao Greenpeace, decide emperrar a exploração na região?!

        E falo com conhecimento de causa, trabalhei sete anos nas bacias da Foz do Amazonas e em PAMA como geóloga de exploração….

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      • Sabe o que eu acho interessante nesse tipo de conversa sobre a segurança da exploração na Foz do Amazonas? É que passados 5 anos do derramamento do petróleo que assolou o litoral brasileiro, ainda não se sabe sequer quem foi o responsável por esse grave incidente ambiental. Além disso, a Petrobras dificilmente terá como sequer controlar um acidente em uma das suas plataformas na margem continental, já que inexiste as condições reais para fazê-lo. Apontar o dedo acusador para o Greenpeace e negar o conhecimento científico sobre a existência do sistema de recifes amazônicos são duas faces da mesma moeda. E tudo isso para quê? Para continuar aumentando a sobrevida dos combustíveis fósseis que estão causando o aquecimento da atmosfera da Terra em ritmo acelerado, e o enriquecimento dos acionistas privados da Petrobras.

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