A esquisita ignorância da “Águas do Paraíba” em relação aos micropoluentes emergentes na água que nos vende

O jornal O DIÁRIO traz hoje uma matéria sobre substâncias poluentes que estão presentes na água que é entregue aos campistas todos os dias pela concessionária “Águas do Paraíba” (Aqui!). Entre os compostos encontrados pela professora Maria Cristina Canela do Laboratório de Ciências Químicas da Universidade Estadual do Norte Fluminense estão a cafeína, atrazina e Bisfenol A, que estão presentes, respectivamente, no nosso cafezinho de todos os dias, em agrotóxicos e plásticos.

Esse tipo de micro-poluente das águas de consumo já foi associado a uma série de doenças graves como o câncer de testículo, de mama e de próstata, à queda da taxa de espermatozóides, deformidades dos órgãos reprodutivos, disfunção da tireóide e alterações relacionadas com o sistema neurológico (Aqui!).

A verdade é que essa informação não é nova, como não são novas as pesquisas feitas pela equipe da Profa. Maria Cristina Canela. Essas pesquisas forma objetos de várias matérias na Revista Somos que chegou a entrevistar o Prof. Wilson Jardim da Universidade de Campinas (UNICAMP) que é um dos maiores especialistas neste tipo de contaminação no mundo.

E por que estou citando isso? É que na matéria produzida pelo Jornal O DIÁRIO, há a informação de que “a assessoria de imprensa da concessionária Águas do Paraíba, responsável pelo abastecimento em Campos, solicitou à pesquisadora que apresente a pesquisa, para que a universidade colabore efetivamente com a população.” Se essa alegação for mesmo da assessoria de imprensa da “Águas do Paraíba”, eu diria que estamos diante de um problema mais sério. Afinal de contas, a informação sobre o problema já é de conhecimento da empresa faz quase  dois anos, sem que os pesquisadores envolvidos no projeto tenham sido contactados para que se estabelecesse qualquer tipo de processo de cooperação genuína (Aqui!). Assim, me parece que insinuar que a universidade não está colaborando efetivamente com a população é, no mínimo uma grosseria. Afinal, quem tem a obrigação de nos entregar água de qualidade e nos cobra um preço salgado por isso é a Águas do Paraíba, e nos os pesquisadores que investigam o problema.

A verdade é que se a “Águas do Paraíba” tivesse mesmo interesse de atacar o problema da maneira que o mesmo precisa ser atacado, logo após a primeira matéria publicada pela “Somos Assim” a empresa deveria ter procurado os pesquisadores da UENF. E não foi o que aconteceu. Mas dada essa nova matéria do O DIÁRIO, está ai novamente colocada a possibilidade de que a empresa procure os pesquisadores e não o contrário. Afinal, uma vez divulgada a informação ela se torna pública e notória. E só não age, quem não quer.

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