A crise das universidades estaduais e o papel vergonhso das reitorias-estafetas no seu aprofundamento

ricardovieiralves

A crise instalada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) possui características variadas, indo desde os aspectos financeiros até o profundo autoritarismo com que seu reitor (ou seria feitor?) Ricardo Vieiralves vem dirigindo a instituição. Contudo, os conflitos ocorridos na última 5a. feira estão sendo jogados nas costas de “estudantes radicalizados” que querem apenas atentar contra o bom funcionamento de uma instituição que, convenhamos, faz tempo anda muito mal das pernas.

Os atores que tentam objetivamente esconder a natureza da crise são muitos, a começar pelo causador dos problemas, o (des) governador Luiz Fernando Pezão. O (des) governador teve o desplante de declarar ao notório “O Globo” que todos os recursos financeiros estão sendo repassados à Uerj. Esqueceu Pezão de dizer que não apenas a Uerj, como também a Uenf e a Uezo, vive hoje com orçamentos insuficientes e contingenciados (em outras palavras cortados ao limite). Essa é a principal causa dos problemas que estão sendo vividos nas universidades estaduais do Rio de Janeiro.

Agora, os malfeitos desse (des) governo só são possíveis com a presença de figuras do quilate de Ricardo Vieiralves e Silvério Freitas, no caso da Uenf, no cargo de reitor. É que eleitos sabe-se lá por quais combinações de interesses, esses reitores se transformaram desde o primeiro dia de seu mandato em meros estafetas do (des) governo do Rio de Janeiro dentro de suas universidades. E para melhor cumprir isso não hesitam em transformar os órgãos colegiados em simulacros de uma falsa governança democrática que só se presta a naturalizar o estado de caos que é gerado pela asfixia financeira. No caso da Uerj, a situação é mais dramática porque Vieiralves não tem hesitado em suspender reuniões de colegiados, e nem tem se sentido constrangido quando ordena suspensões precoces de calendário escolar ou adota o fechamento do campus Maracanã como estratégia de cerceamento da livre manifestação política dos que se opõe às suas formas autoritárias de gestão.

Sair dessa situação não é tarefa fácil, pois parte substancial dos corpos docentes e técnicos estão bem ajustados a essa forma canhestra de tocar a vida universitária, e especialmente porque veem seus interesses privados melhor atendidos por esse tipo de governança antidemocrática. Quebrar essa lógica que é uma expressão pura da “Lei de Gerson” levará tempo, e necessitará uma dose extra de paciência e foco. Sem isso, as forças que apoiam a privatização na prática das universidades estaduais não se sentirão nenhum um pouco constrangidas e não hesitarão em usar todos os meios para se manter no poder.

E uma palavra sobre o que eu tenho visto no movimento estudantil dentro desse processo de reação às políticas de sucateamento impostas pelo (des) governo Pezão. Apesar de erros pontuais e de excessos pontuais, os estudantes têm representado a única forma organizada de resistência a esse processo de desmanche. Assim, ao ler todos os ataques que estão sendo feitos contra o movimento estudantil da Uerj, fico com a impressão de que os inimigos da universidade pública e gratuita também já entenderam a centralidade que os estudantes ocupam na sua defesa neste momento.

2 comentários sobre “A crise das universidades estaduais e o papel vergonhso das reitorias-estafetas no seu aprofundamento

  1. Essa situação é lastimável realmente, mas não concordo quando diz que o causador disso é o Pezão. No governo dele o problema aumentou consideravelmente devido a grave situação financeira do país, mas isso já vem de muito antes dele assumir.

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    • Pedro Paulo, se o Pezão não estivesse ocupando cargos no executivo do Rio de Janeiro desde o governo de Anthony Garotinho, eu até entenderia o seu crédito. Mas como está, não consigo ver nenhuma validade no seu argumento.

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