Quando o trash science é finalmente fisgado, título de mestre é cassado e artigo fraudado é retratado

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Tenho narrado neste blog os amplos efeitos da disseminação dos vícios da ciência predatória (trash science) nas universidades brasileiras. Mas um caso que me veio recentemente à atenção parece exemplar de como o problema é grave e pode ser encontrado nas nossas melhores e tradicionais instituições de ensino superior.

O caso em tela ocorreu no Programa de Pós-Graduação em Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa, onde o acadêmico Paulo Henrique Bittencourt Moreira teve seu título de Mestre em Ciências cassado por violação de direito autoral e de fraude acadêmica, como mostra a imagem abaixo.

titulo retiradoComo a cassação de um título acadêmico é coisa extremamente rara em qualquer lugar do mundo, me pus a procurar mais informações sobre o assunto, e me deparei com mais evidências deste incidente na base de artigos científicos Scielo, mais precisamente na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (RBGG). Ali encontrei um pedido de retratação do artigo “Qualidade de vida de cuidadores de idosos vinculados ao Programa Saúde da Família – Teixeiras, MG (Quality of life of elderly caregivers of link to the Family Health Program – Teixeiras, MG)” de autoria do mesmo Paulo Henrique Bittencourt Moreira, O surpreendente é que o pedido de retratação do artigo (na prática cassação do trabalho) foi feito pela autora de um artigo que teria sido plagiado, a professora Márcia Regina Martins Alvarenga, uma das autoras do artigo plagiado, e que é docente da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

retratado 1A denúncia da professora Márcia Alvarenga resultou em outra situação rara que foi a cassação do artigo que possuía três autores, incluindo a orientadora da dissertação de mestrado cassada pela Universidade Federal de Viçosa, a professora Simone Caldas Tavares Mafra.

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A retratação do artigo, obviamente combinado com a cassação do título de Mestre, resultou ainda numa ainda mais rara explicação pública da professora Simone Mafra sobre os “malfeitos” do seu orientando.

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Ao ler a resposta e as diferentes explicações da professora orientadora pelas quais a fraude e o plágio não foram detectados em tempo hábil (ver imagem acima), não me restou senão a curiosidade sobre quantos casos semelhantes de fraude e plágio não estão também passando despercebidos por defronte os olhos de outros docentes/orientadores. É que a imensa maioria dos que labutam hoje na pós-graduação brasileira se encontra hoje sob forte pressão para se adequar ao sistema de produtivismo científico imposto pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E há que se frisar que essa pressão se estende a todos os pesquisadores interessados em obter financiamentos e prêmios por produtividade científica.

Uma coisa para mim é certa: ou se muda as formas de avaliar e premiar a produção acadêmica produzida no Brasil ou este caso será apenas uma pequena parte da ponta de um imenso iceberg de contaminação da ciência brasileira pelo que há de pior no trash science. A principal pergunta que fica aos gestores que comandam o CNPq e a CAPES é a seguinte: qualidade ou quantidade, o que vai ser?

93 comentários sobre “Quando o trash science é finalmente fisgado, título de mestre é cassado e artigo fraudado é retratado

  1. Pingback: Graças à “Lei de Gerson”, trash science está instalado no topo da pirâmide científica no Brasil | Blog do Pedlowski

    • varios artigos tem sido publicados contendo conclusões resultados e explicações semelhantes a minha tese de doutorado, sem nenhum credito ou citação da mesma. a desculpa e q ela não e um documento publicado em revista. As pessoas tem conhecimento anterior do trabalho, o que eu poderia fazer

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      • Dante, na verdade o que você está enfrentando é uma forma específica de plágio. Há que se lembrar que as dissertações e teses são documentos científicos e o uso de qualquer elemento ou dado contido no interior dos mesmos requer a devida citação de fonte. Mas essa parece ser uma faceta a mais no fenômeno que eu venho chamando de “trash science”. E eu diria que um dos mais graves. Creio que o caminho seja denunciar essas apropriações às revistas onde parte ou partes de sua tese estejam sendo citadas. Ai fica a cargo dos editores tomarem as devidas providências para punir os eventuais dolos à sua obra.

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  2. Acho curioso que apenas o aluno tenha sido penalizado. Não raro a corda rompe pelo lado mais fraco.Ou a professora de fato não orientou o aluno ou é só resgatar os e-mails que trocaram entre si para que apareça a verdade…

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    • Rogério, eu também notei esse problema na postagem. Como orientador de múltiplos alunos de pós-graduação, eu jamais por uma situação como essa. É que, entre outras coisas, faço um acompanhamento bem próximo de todas as fases dos estudos que coordeno e não permito que enviem artigos para publicação sem que eu revise primeiro o conteúdo. Mas pode ser que o meu comportamento não seja a regra.

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      • Prezado professor Marcos, sou doutorando de outro deparamento da UFV. Desconheço a professora orientadora citada no caso de plágio. Contudo, não acredito que ela tenha parte no processo de plágio, conforme foi sugerido no comentário de Roger. Penso que os orientadores não tem obrigação de verificar se todas as informações que seus orientados escrevem num artigo são resultados de plágio. Mesmo porque, espera-se que uma pessoa que ingresse em um programa de pós graduação tenha boa índole e mantenha atitudes profissionais. É claro que, quando um pós graduando envia seu artigo para publicação, sem antes passar pela revisão do orientador, há algo errado. Acredito também, que é responsabilidade do primeiro autor sobre a maioria do que está escrito em um artigo; uma vez que este, normalmente, é o executor da pesquisa.

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      • Éder, obrigado pelo comentário. Como venho acompanhando a ocorrência do que rotulo como “trash science” e seus efeitos colaterais sobre a Pós-Graduação e a produção de artigos científicos no Brasil, penso que o central desse debate é questionar como chegamos a um ponto onde os orientadores não podem ou não querem se envolver em todos os passos dados por seus orientandos. Um fato objetivo é que a pressão produtivista empurra a maioria dos orientadores a abrir mão de um controle mais estrito da qualidade do que os seus orientandos produzem, seja na forma de teses e dissertações ou de artigos. E não sou eu o primeiro a apontar para essa situação de estrangulamento do sistema nacional de pós-graduação. Neste caso específico, eu realmente não tenho como opinar de forma objetiva sobre quais foram os elementos que permitiram um desfecho tão lamentável. Agora, o que eu tenho dito é que não acredito que esse caso seja único, e se as universidades procurarem, vão achar outros casos iguais ou piores. Em suma, esse caso é apenas um sintoma de um problema bem mais grave, e que certamente irá ter desdobramentos no plano do sistema nacional coordenado pela Capes. Resta saber quanto tempo vão demorar para começar a passar todo o processo a limpo.

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    • Eu também achei muito estranho, acho que antes de td deveria ouvir o aluno para não se fazer um pré julgamento do caso. Há provas concretas porém será que o aluno deve o amplo direito da defesa. E mais como será essa história ao certo???

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      • Caro colega Luiz, também gostaria de ver essa “troca de emails” aluno versus orientadora. Como uma coisa assim passou pela orientadora e pela banca? Ninguém percebeu nada? Não defendo nenhuma parte…Mas acho tudo isso no minimo muito estranho…Alguém sabe informar se o aluno foi condenado criminalmente ou civilmente?

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  3. Ao pesquisar sobre o caso no Google, cheguei ao seu blog. Muito me incomoda o fato de que a orientadora jogou toda a responsabilidade para o aluno e somente ele foi penalizado. Agora, me pergunto: como alguém assina um artigo e não participa dele?
    E pior, sendo o artigo, como ela mesma disse, parte da dissertação do orientando, como alguém orienta um trabalho de mestrado e não verifica um plágio tão grotesco?

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    • Letícia, como eu mesmo observei na postagem, essa situação é muito rara, e as explicações da orientadora realmente abrem espaço para que se faça o tipo de questionamentos colocados por você. A minha impressão é que estamos diante de um fenômeno mais complexo de que um simples problema individual de um mestrando que opta por não seguir as regras. Creio que o problema é mais complexo, e envolve a forma pelo qual os programas de pós-graduação estão sendo desenvolvidos no Brasil. Aliás, figuras mais centrais da ciência brasileira já notaram isso recentemente.

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  4. Olá, aconteceu comigo o plágio INTEGRAL da minha monografia de graduação!! Estou comunicando o orientador da autora que plagiou, através de carta assinada pelo meu orientador, mas não sei mais o que devo fazer… Foi mto bom ver esse texto agora, me deu uma luz!

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      • A Capes e o Cnpq estão causando um estrago na ciência brasileira, projetos de longo prazo são desestimulados e os dados fragmentados em muitos pequenos artigos sem qualidade. Os pesquisadores vivem esgotados e a criatividade é podada, além da extensão ser totalmente desvalorizada, o que causa grande prejuízo para a sociedade, já que a universidade parece não estar mais focada em servir à mesma e sim em cumprir metas estatísticas e alimentar guerra de egos.

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  5. O Brasil é fraco em pesquisa e tem um órgão avaliador de excelência! Erra a Capes em exigir além da realidade brasileira, erram os pesquisadores que estão sobrecarregados e os alunos que querem ser Mestres e Doutores sem esforço e, consequentemente, sem nada aprender. O que será da pesquisa amanhã com esse quadro de gente com péssima formação?

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  6. Pingback: Trash science é apenas a ponta do iceberg | Blog do Pedlowski

  7. E o que dizer das pessoas que se valem até mesmo das redes sociais e de anúncios em jornais para “corrigir e formatar” trabalhos acadêmicos angariando, na verdade, “alunos” que entram nessa seara do faz de conta da pesquisa, já que não há fiscalização séria nessa área.

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  8. Bom dia Marcos,
    Gostaria de saber quais as ferramentas mais eficientes que você recomenda para a detecção de plágios, sendo elas pagas ou não.
    Obrigado e bom dia.

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  9. Excelente postagem. Acho que essas questões têm que ser levantadas ainda na graduação , informando e educando os graduandos, que afinal serão os futuros pós-graduandos. Como exemplo, quando passo algum trabalho , só recebo feito à mão, de próprio punho, para ao menos evitar o copiar/colar do google. Também já reprovei dois TCC pois, ao colocar trechos no Google vi que eram cópias inteiras de outros trabalhos. Quase fui execrado da Faculdade, mas esse é nosso papel como educadores.

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    • Sormani, acho que dada a dimensão e gravidade do problema todos que tentarem nada contra a corrente aparecerão como antipáticos. Mas não será com simpatia que vamos dar conta desse imenso problema. E não sei quanto a você, mas os professores que mais me marcaram foram justamente aqueles que mais me exigiram no meu processo de formação.

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  10. Eu acredito que a culpa é em grande parte do aluno, pra nao dizer toda, um pesquisador, porque a nivel de pòs, eu jà considero, que na maioria das vezes ganha bolsa pra exercer esse papel, sabe de suas responsabilidades dentrod e um programa, se presta a defender uma dissertaçao, além disso, achando pouco ainda escreve um artigo. Eu acredito que a professora falhou no quesito de exigir oa rtigo antes da submissao ou nao assinaria a carta, mas a culpa de plàgio, muitos desses pesquisadores vivem meio loucos na suniversidade lotados de alunos porque o sistema exige desde iniciaçao cientifica a doutorado, laboratorio, projetos que nao duram tanto e ainda tem que serem escritos e buscar colaboraçoes com outros centros, comprar material. Eu a isento de tudo, acho injusto um professor que muitas vezes tem 20-30 anos de casa, com tantos artigos publicados e sem indicios de plagios anteriores ser penalizado pela açao de um criminoso como esse.

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    • Carlos, creio que tenho tentado demonstrar que o problema apontado vai além do problema individual, pois o que estamos detectando é que a forma pela qual a pós-graduação nacional está estruturada acaba favorecendo a ocorrência dessas situações. E suas observações me parecem ir totalmente ao encontro desse diagnóstico.

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  11. Uma pulga fica sempre atrás da minha orelha. Autor de artigo não seria aquele que realmente escreveu o mesmo? Orientar alguém não é escrever o texto com essa pessoa. Se a orientadora (e “autora” do artigo) realmente tivesse feito as vezes de realizadora do mesmo saberia que o plágio tinha sido algo presente.

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    • Bom, Paulo, o normal é que todos os co-autores do artigo participem de todas as etapas de sua construção. No entanto, existem vários caminhos pelos quais isto acaba não acontecendo. Um deles é o envio por um autor sem comunicar os demais. E esse é um problema que não está acontecendo apenas no Brasil, visto que muitas revistas científicas internacionais hoje requerem não apenas o consentimento de todos os autores citados, mas também a clarificação de qual a contribuição específica de cada autor (no caso de artigos com mais de um autor). Essas medidas são uma tentativa de reprimir a atribuição injustificada de autoria.

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  12. Como corrigir esse problema e muitos outros!

    1º lugar: As escolas não educam ninguém, não ensinam valores, e mais, os poucos professores que insistem em educar são disciplinados por coordenações ou pais negligentes a se retratarem, as desculpas que geram essa educação escolar que não educa e nem passa 1 só memes de valores altruístas são muitas, mas o problema é um só, hoje os jovens sem educação e valores irão procurar o caminho do egoísmo que entre muitos outros é o caminho da fraude citado no tema, a ciência formou jovens sem carater e sem princípios cheios de pensamentos egoístas, e deverá logicamente colher mestres, doutores que irão pelo mesmo caminho egoísta.

    2º Um dos problemas que culminam a alimentar o plágio é ” os pesquisadores interessados em obter financiamentos e prêmios por produtividade científica.”… isso alimenta um ciclo vicioso por metodologias aceitaveis e de boa demanda que só visa o lucro egoísta pessoal, logo o plagio se instala livremente em pessoas egoístas e sem princípios.

    3º há mestres e doutores que quando são confrontados por alunos mentem, eu pessoalmente sou vitima disso, as pessoas preferem a mentira para se livrar de problemas do que da verdade que pode lhes causar um dano, são doutores da ciencia que se levam pela facilidade da impunidade que se instala em tribunais superlotados, impunidade essa que as próprias instituições acadêmicas zelam em manter funcionando, o exemplo deve vir a priore de cima, e a falta de exemplo que deve vir de cima é o maior de todos os problemas do povo brasileiro, que busca o caminho fácil e egoísta. Só se muda uma sociedade se se mudar o fundo de memes que nela circula.

    Há uma pressão enorme externa vinda obviamente dos lideres globais maiores para que a ideologia da impunidade seja destruída ou ao menos amenizada, pois depois de décadas que eles plantam o mal, o mal que eles plantaram agora os quer engolir, esse mal gerou a crise da FIFA, da PETROBRÁS, escandalos do CONGRESSO e ai por diante, até mesmo os jovens que esfaqueiam pelas costas sem motivo aparente são frutos dessas ideologias cancerígenas, pois tudo isso é fruto de ideologias de desfragmentação social impulsionadas por um capitalismo egoísta e imediatistas, agora estamos entrando em uma época que devemos matar os monstros que nós mesmos cuidamos para que crescessem, é uma caça as bruxas dos tempos modernos.

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  13. Pedlowski, seu último parágrafo foi o que mais me chamou atenção. Diariamente penso no atual sistema de avaliação da CAPES e CNPq. Percebo inúmeras pessoas com enorme potencial nos programas de pós aos quais participei e participo afirmando que irão finalizar a pós e mudar de área. A pressão pela quantidade acima da qualidade desanima. Necessária a reformulação da avaliação pelos órgãos de fomento. Fundamental o reconhecimento da profissão de pesquisador e abertura de vagas em concursos para pesquisadores. Muitos “orientam” e/ou dão aulas apenas para cumprir o regimento! 😦

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    • Vanessa, por um acaso eu trabalho numa universidade onde este aspecto do pesquisador foi contemplado e temos muitos colegas que são pesquisadores e não são docentes. O problema é que eles acabam sendo desvalorizados salarialmente e não recebem o devido espaço para executar suas pesquisas de forma autônoma. Esse talvez seja o maior desafio para adotarmos esse modelo de forma ampla nas universidades brasileiras. Por fim, eu não vejo como começarmos a mudar a situação se a Capes e o CNPq não fizerem uma forte autocrítica em relação ao que está estabelecido. Até porque a maioria dos docentes/orientadores estão completamente ajustados a essa visão que privilegia a quantidade em detrimento da qualidade.

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  14. Esse tipo de coisa acontece não só no Brasil, mas em outros países… Absurdo mesmo!!! É igual a furto!!! Só coloco aqui uma observação: um pouco mais de rigorosidade pelos revisores também contribue para que isso diminua.

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  15. A ética no meio acadêmico está realmente bem delicada. Parece que está valendo tudo! Um co autor, (mestre por uma universidade federal) que contribuiu pontualmente na produção de um artigo que fizemos para um determinado congresso, simplesmente desconsiderou os demais autores e o publicou na íntegra em um livro que teve alta repercussão, se apresentando como autor único. Lendo este livro após alguns meses da sua publicação, levei um susto ao começar a ler um dos artigos que o compunha e ver que estava 100% plagiado, e sem nenhuma menção ao trabalho original. Somente o título estava alterado! Frustante!! 😦

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    • Marina, essas são situações que lamentavelmente estão disseminadas. Por essas e outras é que eu acredito que temos de romper com a cultura do silêncio e começar a discutir abertamente casos como você acaba de narrar. Creio que só assim poderíamos evoluir enquanto comunidade científica e contribuir para a difusão de valores democráticos na sociedade brasileira.

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  16. Não existe a figura do revisor nas revistas antes de publicar um artigo?
    Porque só um Ladrão Intelectual foi punido?
    Não tem ninguém santo nessa história…..do Aluno ao revisor da revista, todos são culpados.

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    • Luiz, como revisor de artigos em diversas revistas creio que é possível mas difícil de identificar o plágio nessa fase dos trabalhos. O ideal é que o controle seja feito pelos co-autores e/ou orientadores. O problema é que ao menos no caso em questão parecem ter ocorrido problemas na interação orientador/orientando, e que resultaram nesse episódio lamentável. Mas creio que a autora plagiada exerceu muito bem o papel de revisora, e acho que se mais pessoas denunciassem casos de plágio/fraude, teríamos uma evolução salutar no controle do problema.

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  17. Estão falando de plágio? E os dados inventados ? E os artigos “filhotes” de outros artigos ? e as revistas cujos “revisores” são colegas (pra não dizer amigos) dos autores ? E as “associações” científicas que somente reunem autores para revistas ?
    Infelizmente, não vejo como se resolver isto a curto prazo a não ser que se vire tudo pelo avesso e se tenha um novo inicio

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  18. Prof. Marcos
    Quero lhe parabenizar pelo seu trabalho por meio do seu blog. Eu sempre lutei contra essas exigências criminosas, no meu ponto de vista, das instituições que “financiam” a educação superior no Brasil. Eu não tenho um blog, porque se tivesse seria bem capaz de estar preso por causa das coisas que iria escrever lá. Fui professor universitário durante 35 anos e acabei de me aposentar na UFV. Em parte, o motivo de minha aposentadoria repousa sobre esses fatos mencionados pelo senhor. Acabei de descobrir o seu blog e vou ficar atento. Obrigado pela sua contribuição.
    Prof. José Helvecio Martins

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  19. Olá Professor Pedlowski,
    Pena que a co-autoria fraudulenta ainda não seja tão facilmente exposta; essa prática é muito comum e contribui para “enterrar” aqueles que a ela não se submetem. Algo análogo às máfias….

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    • Marcelo, creio que agora que o “gato foi tirado de dentro do saco” vai ficar difícil não termos o relato de casos semelhantes. É que pela repercussão que estou tendo desta postagem fica óbvio que existe uma clara indignação em relação a certas práticas que hoje aparecem como naturalizadas na ciência brasileira.

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  20. É como você questiona nos 2 últimos parágrafos, Marcos. O buraco é mais embaixo mesmo. Isso é uma dos fados decorridos de se veicular ciência à essa política retrógrada do ”Publicar ou Perecer”, que transformou o conhecimento numa tabelinha de pontuação do Qualis Capes, como é o feito na pós-graduação. Vigorou-se a alienação acadêmica da quantidade, em detrimento da qualidade à jus Ciência e de valides para a sociedade.
    Assista depois essa entrevista do reitor da UFRJ, ele levanta pertinentemente uma crítica ao modelo de ensino superior que enfrentamos. A universidade brasileira precisa abrir-se autocriticamente a isso, urgentemente: https://www.youtube.com/watch?v=bAjcuonsUgA

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  21. Bom dia prof. Marcos, é muito fácil tecer comentários crucificado o aluno. Será realmente que a culpa e só dele. Acho que antes de um pré julgamento devemos ouvir os dois lados. Pergunto: Foi ouvido ambas as partes? A cassação do título não exime as outras partes de culpa. Será que esse artigo que foi enviado revista foi escrito por esse aluno??? Sabemos que os professores necessitam de produção para aumento dos ganhos . Tem muitos questionamentos por traz desse caso. O que não se pode é julgar sem ouvir !!!

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    • Luiz, creio que seus pontos são todos razoáveis. Como a minha ideia ao criar este blog foi pensar as questões academicas além dos muros das universidades teria todo interesse de ouvir o outro lado. Assim, caso o aluno queira se pronunciar, eu publico a versão dele dos fatos.

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      • Bom, Márcio, como já respondi ao Luiz Carlos, este blog está aberto para receber a resposta do aluno. Além disso, se lerem minha postagem com atenção, eu não crucifiquei ninguém, apenas relatei de forma comprovada um evento envolvendo uma alegada fraude acadêmica.

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      • Com certeza estimado Marcos, aliais acho que seu trabalho aqui no blog esta show de bola. Precisava mesmo alguém com coragem para colocar esse tipo de assunto em pauta. Meu comentário foi no sentido apenas de ampliar o debate sobre o tema, ouvindo tb a versão do aluno envolvido. Concordo contigo, você simplesmente descreveu o evento e trouxe o debate a tona. Realmente seu texto não faz uma “crucificação” ao aluno. Faz uma exposição clara de uma fraude comprovada. É isso. No mais envio meus parabéns e peço que continue a compartilhar conosco.

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      • Márcio, obrigado. Na verdade, crucificar alguém sem conhecer todos os aspectos envolvidos seria equivocado. Agora, eu trabalhei com as evidências que encontrei. Além disso, friso que o problema não pode ser encarado apenas como pontual. Como já respondi anteriormente, penso que o problema é mais amplo e grave do que um simples desvio de conduta.

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      • Realmente Márcio, como falei com o prof, sera que tudo que está em evidência é só culpa do aluno??? Deve se ouvi lo TB. Como falei TB por traz disso td tem um ser humano. Como disse TB não estou aqui para julgar ninguém .

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      • Bom, Luiz Carlos, os únicos que julgaram o aluno até agora foram os gestores acadêmicos da Universidade Federal de Viçosa e os editores da revista de onde o artigo dele foi removido. E foi com isso com que eu trabalhei para tratar de um assunto bem mais amplo para o qual, por exemplo, estão dedicadas as duas últimas postagem deste blog. Obrigado por colaborar com o blog!

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  22. Olá prof, como colocou o colega Márcio, acho que o aluno tem o direito de defesa. Lembre se que por traz disso td tem um ser humano, que tem família filhos etc . como disse a profa vai tirar o dela da reta. Pelos relatos , somente há publicação em favor da professora.

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    • Carla, como já respondi a outros comentários, não tenho nenhum problema em oferecer espaço para o “outro lado”. Aliás, se a professora orientadora também quiser se manifestar, eu posto da mesma forma. O bom de se ter espaços como este blog, é que pelo menos no meu, não há compromisso com uma verdade única.

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      • Excelente prof. Marcos; Esse é o tipo de espaço democrático que precisamos para discutir questões importantes como essa. Seria muito bom ler e saber mais sobre o que a professora pensa e como pretende tratar esse assunto tão complexo.

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  23. É lamentável que precisemos de fiscalização e controle neste nível de conhecimento. Afinal, o mínimo que se espera de alguém que tenha chegado a tal nível de desenvolvimento intelectual, é que tenha um mínimo de senso ético.

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  26. Isso é muito comum, basta pararmos de fingirmos que não vimos acontecer ao nosso redor! Sinto pena mesmo é de quem foi plagiado!´

    Mas me incomoda mesmo o fato de na hora de publicar, você é orientador, co-autor, quase que empurra o aluno para tudo, mas quando a coisa estoura, vc não viu nada, não sabe de nada… O que ninguém fala, é que tem orientador/pesquisador/professor que é capaz de plagiar até o próprio aluno/orientado, levando os dados produzidos pelo mesmo para congressos e universidades fora do alcance do aluno. Vi uma das minhas melhores professoras da universidade sendo roubada pela própria mentora na USP. A sorte da minha professora, é que ela é foda o suficiente para ganhar o apoio de todos os seus alunos, mudar de estado e passar em primeiro de novo na prova de doutorado!

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    • Fernando, o problema é que, apesar de todos os seus argumentos, não se pode dizer que o estudante agiu de forma correta. E é isso o central do meu argumento: uma cadeia de responsabilidades não deixa de ser necessária e ninguém é inocente em casos de violações éticas, seja na ciência ou fora dela.

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  27. Como disse o Fernando, a bomba estourou para o aluno. Será que a orientadora não tirou o corpo fora???? Não esqueçam que professores TB fraudam. TB não se pode dizer que a professora agiu de forma correta. Como ela deixou essa dissertação ser submetida a defesa????????? Tem muuuito caroço por baixo desse angu!!!!

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    • Carla, inicialmente acredito que o termo culpa é insuficiente para tratar desse problema. Aliás, culpa é melhor no campo da expiação religiosa do que na ciência. Eu vejo essa questão sobre a égide da ética e da responsabilidade. Nisto fica claro que o orientando rompeu com esses dois elementos e já foi punido por isto. Aliás, desconheço se ele está recorrendo judicialmente das punições que lhe foram impetradas. No campo das responsabilidades, creio que esse exemplo reflete um problema essencialmente coletivo de todos os atores envolvidos… indo do próprio aluno até os gestores da CAPES. Aliás, esse é o mote da postagem e de todo o material que venho inserindo no blog sobre a questão dos efeitos perniciosos do trash science. Em suma, não existem “culpados”, mas responsáveis para que o problema tenha ocorrido.

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  28. Não tive a oportunidade de saber a versão de ambos, e nem quero pois esse problema não é meu. A impressão que temos é que quando se fala sobre as responsabilidades da professora VC a isenta das responsabilidades do caso.

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    • Carla, você está enganada. Se ler todos os meus comentários sobre esta postagem, e a própria postagem aliás, verá que eu não isentei ninguém. Até porque a minha prática como orientador de mestres e doutores deixa pouco senão nenhum espaço para este tipo de “surpresa”. Assim, por favor, me inclua fora dessa.

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      • Não veja essa parcialidade citada…aliais, se não em engano, marcos, vc ofereceu espaço aqui no blog para o aluno se manifestar caso assim o quisesse…

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    • Carla, acho que há um problema lógico nessa sua afirmação. A questão envolvendo a postagem em questão vai muito além do problema entre orientadora e orientando. Na verdade, o que está relacionada a ela já foi abordado por Thomas Kuhn e Karl Popper de diferentes maneiras no tocante à questão da validação do que é ciência. Tanto isto é verdade que você está aqui mantendo aceso um debate que já teria sido esquecido se não fosse por seus comentários. Aliás, obrigado! No mais, como professor de Metodologia da Pesquisa, ao relatar o problema não me preocupei com as pessoas envolvidas, mas com os fatos graves que resultaram nas punições de cassação de título e retratação de artigo. Simples assim!

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  29. Pingback: Plágio em monografias, dissertações e teses: a face emergente do “trash science” no Brasil | Blog do Pedlowski

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