Em uma matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, os jornalistas José Marque e Estevão Bertoni trazem revelações do inquérito aberto pela Polícia Federal para apurar as responsabilidades pelo TsuLama da Mineradora Samarco que mostram que Vale (co-proprietária da Samarco) está com os pés mais atolado na lama que rompeu do que se sabia inicialmente (Aqui!).
Entre alguns dos fatos apurados pela PF está que a Vale era responsável por 27% dos rejeitos depositados na barragem de Fundão em Bento Rodrigues, e que depois do incidente adulterou dados para esconder a real dimensão de sua responsabilidade no rompimento ocorrido no dia 5 de Novembro.
Por outro lado, a PF apurou que entre as principais causas do rompimento da barragem estão elementos bastante técnicos, e não algo advindo do sobrenatural ou de algum inexistente movimento tectônico como se alardeou inicialmente. Entre as variáveis que teriam sido causado o rompimento e o posterior TsuLama estão elementos bem prosaicos que revelam que a usura sobrepujou a responsabilidade social e ambiental. Estes elementos incluem: problemas de drenagem, uso de material de baixa qualidade para a construção da barragem, monitoramento deficiente e falta de controle sobre a quantidade de rejeitos jogados dentro da barragem.
Outra descoberta impressionante foi de que o ponto onde a barragem rompeu foi construído sem a devida autorização legal. Em outras palavras, sem qualquer cuidado com o devido processo de licenciamento ambiental. Em mais, desde 2012, a Samarco não possuía um responsável técnico no Crea. Esses dois fatos mostram que as mineradoras sempre contaram com uma extrema boa vontade dos órgãos fiscalizadores.
Todas essas descobertas da PF mostram que o TsuLama resultou de um cálculo (até agora plenamente justificado) de que no caso de ocorrerem problemas, as mineradoras envolvidas (Samarco, Vale e BHP Billiton) ficariam cobertas não por um manto de lama, mas de impunidade.
Por último, essas revelações colocam ainda mais em xeque o vergonhoso acordo assinado às pressas pelos governos federal, de Minas Gerais e Espírito Santo com as mineradoras. É que tanta pressa se deveu ao conhecimento de que todos esses fatos viriam à público. Em suma, o acordo foi para tentar proteger as mineradoras contra as pesadas multas ambientais e eventuais punições criminais pelos danos e mortos que foram causados pelo TsuLama.