O Brasil vive diariamente as consequências do golpe parlamentar realizado contra a presidente Dilma Rousseff, principalmente no que se refere ao extermínio das políticas sociais e ao aprofundamento do processo de desnacionalização da nossa economia com a entrega de setores estratégicos para as corporações multinacionais.
Agora, temos um novo desdobramento no processo de descrédito nas frágeis instituições democráticas que o país logrou desenvolver ao longo de pouco mais de 195 anos enquanto nação independente. Falo aqui da campanha em curso, comandada pela mesma mídia corporativa que apoiou a realização do golpe parlamentar, de trazer à público as muitas benesses usufruidas pelos altos escalões do judiciário.
O mais emblemático nesta campanha de exposição da estrutura de ganhos do judiciário é que dois dos juízes atingidos pelas revelações cercando o uso do chamado auxílio moradia são os tão decantados Sérgio Moro e Marcelo Bretas, os comandantes supremosdos dois braços da operação Lava Jato.
Para começo de conversa é preciso que se diga que alguma das vantagens auferidas pela nata da burocracia brasileira, e o judiciário é apenas um segmento desse alto escalão de burocratas, são efetivamente escandalosas em face da pobreza e miséria em que a maioria do nosso povo vive. É esse descompasso que cria ojeriza e escárnio, já que em outros países desenvolvidos não há tal desproporção de condição financeira entre os trabalhadores comuns e a alta burocracia estatal.
Agora, convenhamos, esse repetino interesse em expor juízes e desembargadores parece mais uma campanha de desmoralização das instituições nacionais do que um movimento para promover um debate sério sobre as discrepâncias salariais e na alta concentração da renda que tornam o Brasil um dos países mais desiguais do planeta.
Por isso, é que eu chamo atenção para a necessidade de que o justo clamor pelo fim das benesses não acabe sendo utilizada para aprofundar o golpe parlamentar que hoje está no cerne de todos os retrocessos que estão sendo impostos ao povo brasileiro pelos setores mais reacionários da burguesia nacional.
Quantos tantos já foram bem usados e depois do serviço bem prestado ou foram colocados em seus devidos lugares ou simplesmente descartados? Por exemplo, um certo ex-presidente acreditou que “era o cara!”; “mais importante que o Lech Walesa” já que “os ricos nunca ganharam tanto” como no governo dele. Operários dos mais diversos setores, assalariados dos mais variados ramos econômicos, costumam descobrir isso, geralmente quando já é tarde demais e engrossam filas e mais filas tentando aposentadoria por invalidez. Mais fica a indagação: quem confundiu as coisas? Não parece que é a rapaziada do andar de cima.
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Abílio, parece que é por aí. No caso do Walesa, ele não foi reeleito e aí ficou na dele. Agora, como ficarão os membros do alto escalão do judiciário que nem eleitos foram?
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Não vou questionar porque recebem , mas a forma que recebem , isso é que deve ser questionado ; inclusive nos outros poderes ..
Mas o cerne da pendenga é a campanha contra os magistrado , quando a elite começa a sentir o bafo no cangote da justiça mandando os intocáveis para a cadeia, e um que se acha acima de qualquer mortal é condenado , se desencadeia uma campanha trazendo a baila os privilégios que não é exclusivo de um poder com o intuito de desmoralizar o trabalho feito até agora .
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Caro Pedlowski.
“Não sei bem a resposta da pergunta que fazia (…). Nem conheço essa resposta se quer mesmo que lhe diga”. Mas, a vida talvez nos responda “com a sua presença viva”. No entanto, arrisco dizer que se por ventura tivevem certo limite de soberba, poderão identificar o seu lugar. Certo paladino da moralidade e do patriotismo foi já como pré-canditato aos Estados Unidos da América e prestou entusiástica continência a sua bandeira. Esse tem plena clareza do seu lugar, como deve ser também o caso do Walesa.
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