Amazônia em chamas cria tempestade perfeita para o Brasil

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Convenhamos que até aqui o presidente Jair Bolsonaro e seu conjunto de ministros generais saídos de algum freezer criogênico vinham nadando de braçadas no seu projeto de instalar um governo ultraneoliberal com extrema facilidade, muito em parte graças à fragilidade absurda dos partidos ditos de esquerda.

A coisa começou a azedar quando começaram os primeiros ruídos em torno dos dados de desmatamento na porção brasileira da bacia Amazônica, muito em graças ao eficientíssimo processo de desmanche da precária governança ambiental e dos insuficientes mecanismos de comando e controle que protegiam com dificuldades unidades de conservação e terras indígenas na Amazônia.

A primeira reação foi demitir o físico Ricardo Galvão da direção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) pela divulgação de dados de desmatamento na Amazônia que o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro (ou seria antiministro?) do Meio Ambiente, o improbo Ricardo Salles, diziam ser mentirosos ou, quando muito, exagerados.

Havia até este ponto uma disputa retórica acerca da capacidade do Inpe de gerar números precisos sobre o desmatamento (sobre isso ver vídeo abaixo com o Dr. Douglas Morton, do Biospheric Sciences Laboratory do Goddard Space Flight Center da NASA).

Mas bastou que os restos secos da floresta começassem a arder e levantar colunas gigantescas de fumaça na Amazônia para que uma tempestade perfeita começasse a se formar em escala global, a qual ameaça engolir o Brasil e os projetos de governo Bolsonaro em nos transformar em uma espécie de uma plataforma exportadora de produtos primários.

As imagens dos incêndios, animais mortos e indígenas denunciando a ação de criminosos no interior de suas terras são demais para serem ignorados, na medida em que governos nacionais, principalmente na Europa, estão implementando ajustes para evitar o agravamento das mudanças climáticas dentro de seus próprios limites nacionais. E com isso vieram as manifestações de Emmanuel Macron, Angela Merkel e até do presidente da Comissão Europeia, o finlândes Jyrki Katainen, no sentido de cobrar do governo Bolsonaro mais responsabilidade com a Amazônia.

O governo Bolsonaro até ontem parecia obstinado em aplicar sua receita devastadora para a Amazônia, em que pesem os alarmes que começaram a ser soados por líderes do latifúndio agro-exportador como Blairo Maggi, Kátia Abreu e Marcello Brito (diretor da Associação Brasileira do Agronegócio).  Isso mudou com a manifestação dura de Emnanuel Macron na sua página na rede social Twitter, o presidente francês demandou ação urgente para obrigar o governo Bolsonaro a mudar seu curso de ação.

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É que apesar do estilo de dar caneladas antes de pensar, o presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus ministros parecem agora dotados de uma condição de urgência para realizar uma operação de controle de danos.  A anunciada posição da Finlândia de exigir um boicote à carne produzida no Brasil deverá agravar ainda mais a sensação de que medidas urgentes terão que ser tomadas para aliviar um pouco a situação catastrófica em que a diplomacia brasileira foi enfiada pelas manifestações “sinceronas” do presidente Bolsonaro.

O problema agora é ver como sair do enrosco em que Jair Bolsonaro meteu o Brasil. Mas as dezenas de manifestações que estão ocorrendo na Europa para exigir atitudes contra a destruição da Amazônia tornarão qualquer tentativa de reduzir dano quase impossível de ser realizada. É o que dá criar uma tempestade perfeita quando as imagens viajam quase tão rapidamente quanto a fumaça das queimadas.

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