A (anti) reforma administrativa recém-enviada pelo governo Bolsonaro (e recebida com saudações efusivas pelo presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM), deixou de fora as carreiras mais caras do serviço público (justamente aquelas que deveriam ser as primeiras a passarem por mudanças para acabar com uma série de regalias).
Por outro lado, a reforma Bolsonaro/Guedes vai criar condições ainda mais difíceis para as categorias que recebem os menores salários, a começar pelos professores. É curiosamente sobre esses segmentos já conhecidos por serem altamente sacrificados em termos da demanda de serviços, condições difíceis de trabalho e adoecimento que a chamada administrativa mais deverá pesar. E saliente-se que isso trará pouca ou nenhuma mudança na situação daquelas carreiras que causam mais custos aos cofres públicos.
Uma consequência dessa (contra) reforma seria uma menor atratibilidade para a profissão de professor no Brasil. E note-se que já há algum tempo que os cursos de licenciatura, justamente aqueles que formam profissionais para a área da Educação, estão com cada vez menos interessados nas vagas abertas, seja na rede privada ou pública de ensino superior.
Salas de aulas lotadas são apenas um dos elementos que diminuem o interesse na carreira de professor
Esta perda de interesse dos jovens em se tornarem professores já resultou em um envelhecimento da população de professores em atividade em nosso país. Com a falta de renovação que a (contra) reforma de Bolsonaro e Guedes deverá criar, não é impensável que até o final desta década, o Brasil talvez tenha que importar professores se não quiser que suas escolas fechem.
Problema semelhante deverá ocorrer também na área da Saúde, onde igualmente as condições de trabalho já são bastante difíceis. Com a perda de direitos e a consequente perda de poder aquisitivo, não será surpreendente que também faltem pessoas interessadas em oferecer seus serviços em ambientes altamente insalubres como os existentes na maioria das unidades hospitalares.
O interessante é que nada disso parece ter sido pensado pela genial equipe do dublê de banqueiro e ministro da Fazenda, o Sr. Paulo Guedes. Há que se ver se haverá alguém que lembre a Rodrigo Maia que esta reforma que ele tanto parece apreciar é uma espécie de um Cavalo de Tróia que arriscar tornar o Brasil em um deserto pedagógico, onde ninguém vai querer ser professor.