Governo Bolsonaro e sua agenda tóxica resultaram na liberação recorde de 945 agrotóxicos no biênio 2019-2021

comida agrotóxicos

Se está patinando em adquirir até insumos básicos para viabilizar a vacinação da população brasileira para debelar a pandemia da COVID-19, em seus dois anos de existência o governo Bolsonaro fez a alegria dos fabricantes de venenos agrícolas. É que fechado o ano de 2020, podemos contabilizar a liberação de 945 agrotóxicos (ver planilha completa Aqui!), muitos deles de alta periculosidade para a saúde humana e o meio ambiente (incluindo águas e solos).

Já ressaltei em postagens anteriores o claro cinismo que marca a atitude do presidente Jair Bolsonaro em face do uso da Coronavac, vacina produzida e comercializada pela empresa chinesa Sinovac. É que todas as vacinas já desenvolvidas por outras empresas dependem de insumos produzidos na China para poderem ser produzidas e vendidas a preços relativamente mais altos do que a da Sinovac.  Além disso, como já demonstrado ao longo de 2020, uma parcela significativa dos agrotóxicos liberados nos dois anos de governo Bolsonaro são produzidos exclusivamente na China, sem que se ouça qualquer menção do presidente ou de algum dos seus filhos sobre o processo de envenenamento dos brasileiros pelos “agrotóxicos chineses”.

Mas é preciso reconhecer que um dos grandes méritos da máquina de propaganda do governo Bolsonaro é desviar a atenção dos assuntos que realmente interessam e inocular elementos paliativos e insignificantes na narrativa que molda a agenda política brasileira. 

Um dos complicadores do debate acerca do debate necessário sobre o grave risco que o uso abusivo e indiscriminado de agrotóxicos altamente tóxicos pelos grandes latifundiários que controlam a pauta de exportação brasileira é que os partidos da esquerda institucional, mormente o PT, aparentemente não veem isso como um problema.  A única exceção significativa nessa situação de aprovação tácita de um modelo de agricultura envenenada é o PSOL cuja atuação resultou em 2016 na apresentação de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (a ADI 553) que questiona as imorais isenções fiscais dadas aos fabricantes de venenos agrícolas. Mas a falta de uma maior capacidade de mobilização política em torno da questão vem permitindo que a ADI 553 tramite na velocidade de um cágado de pata quebrada, permitindo que o Tsunami de aprovações de agrotóxicos gere bilhões de reais em lucros para as corporações que fabricam agrotóxicos.

O estudo aqui divulgado em que são demonstradas alterações no DNA de trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos durante suas atividades profissionais em Goiás é apenas a ponta do iceberg de problemas infringidos à saúde humana no Brasil. Antecipo que apesar de todas as dificuldades de financiamento à pesquisa científica, ainda iremos ver emergindo evidências cientificamente corroboradas de outros distúrbios causados à saúde dos brasileiros por causa da exposição direta ou indireta a agrotóxicos, muitos deles banidos em seus países de origem, incluindo a China que hoje domina o fornecimento de venenos agrícolas no nosso país (um exemplo disso é o herbicida Paraquate que apesar de oficialmente banido continua sendo usado no Brasil em função de estratégias legais usadas pelos representantes do setor produtor de venenos agrícolas e associações que defendem os interesses do latifúndio agroexportador).

Também prevejo que veremos a continuidade da aprovação expedita de agrotóxicos pelo governo Bolsonaro em 2021. Por isso mesmo, a partir do “Observatório dos Agrotóxicos”, o “Blog do Pedlowski” continuará documentado as aprovações e oferecendo as principais informações contidas nos atos oficiais de liberação de mais produtos para um mercado ambicionado pelas grandes corporações multinacionais. Apesar de trabalhoso, essa ação será continuada porque a última coisa que podemos nos permitir enquanto durar o governo Bolsonaro é o direito à ignorância.

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