Jair Bolsonaro e Tereza Cristina seguem liberando agrotóxicos altamente perigosos e deixarão um legado tóxico para os brasileiros
Um dos aspectos em que o governo Bolsonaro vem se provando letal é no campo da liberação “fast track” de agrotóxicos, o que vem colocando uma quantidade significativa de substâncias altamente danosas no mercado nacional de venenos agrícolas. Como já mostrado em diferentes ocasiões neste espaço, parte significativa dos agrotóxicos liberados pelo governo Bolsonaro já está proibida em outras partes do mundo, a começar pela União Europeia, por causa dos efeitos danosos conhecidos para muitos deles. A lista de produtos banidos em outras regiões do mundo mas amplamente usados no Brasil estão a atrazina, a ametrina, o acefato e o fipronil (mas a lista é bem mais longa do que isso).
A avidez do governo Bolsonaro, sob a batuta célere da “musa do veneno”, Tereza Cristina (DEM/MS), é tanta que em 36 meses de governo foram liberados 1.558 agrotóxicos, sendo que em cada ano com Jair Bolsonaro no poder foram quebrados novos recordes de aprovação (ver figura abaixo), tendo chegado a 2021 com incríveis 562 agrotóxicos disponibilizados para uso amplo nas monoculturas de exportação (i.e., algodão, cana de açúcar, milho e soja). Agora, com os 12 produtos liberados, o “grand total” do governo Bolsonaro chegou a astronômicos 1.570 agrotóxicos, uma verdadeira festa para os grandes fabricantes de venenos agrícolas como Bayer e Basf.
Dentre os problemas que decorrem do grande volume de agrotóxicos sendo usados na agricultura nacional estão a contaminação de solos, corpos aquáticos superficiais, lençol freático e o extermínio de polinizadores (e.g., abelhas), mas ainda a contaminação de trabalhadores rurais, comunidades próximas às monoculturas, e ainda os consumidores de alimentos contendo grandes quantidades de resíduos de agrotóxicos conhecidos por causarem diversos tipos de doença, a começar por vários tipos de câncer.
Primeira lista de aprovações de 2022 confirma supremacia chinesa na oferta de produtos técnicos
Em uma demonstração de que busca novos recordes de liberação destas substâncias altamente venenosas, o governo Bolsonaro já soltou a sua primeira lista de “novos” agrotóxicos liberados para comercialização no Brasil a partir da publicação do Ato No 2. de 06 de janeiro de 2022. Esse ato traz a liberação de 12 produtos técnicos que são aqueles que serão formulados para venda direta nas lojas de agrotóxicos.
A partir de uma análise inicial já se pode confirmar que a China continua jogando o papel principal de produtos técnicos, já que empresas chinesas são as fabricantes de 9 dos 12 produtos, ficando a Índia com 2 e a Espanha com 1. No caso do agrotóxico fabricado na Espanha, este se trata do fungicida Mefentrifluconazole que é fabricado pela multinacional alemã Basf.
A supremacia chinesa na oferta de produtos técnicos reforça o caráter desiquilibrado das relações comerciais sino-brasileiras, na medida em que as exportações brasileiras de diversas commodities tem a China como principal comprador que, por sua vez, se tornou um fornecedor preferencial de agroquímicos, incluindo agrotóxicos e fertilizantes.
Com o “Pacote do Veneno” tramitando no Congresso, governo Bolsonaro quer provar que o céu é olimite para o uso de agrotóxicos perigosos no Brasil
Mas se engana redondamente quem acha que a liberação dessa tsunami de agrotóxicos já matou a sede do latifúndio agro-exportador por venenos agrícolas. É que na volta das atividades legislativas no congresso nacional já está novamente tramitando o Projeto de Lei 6299/02, mais conhecido como Pacote do Veneno cujo objetivo é não apenas agilizar ainda mais a liberação de agrotóxicos, mas dar, digamos, um verdadeiro “banho de boutique” nos agrotóxicos que passarão a ser chamados por outros nomes com o objetivo de mascarar o óbvio sobre esses produtos, qual seja, que são altamente venenosos e prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana.
O interessante é que um dos mais aguerridos defensores do Pacote do Veneno é o deputado federal Luiz Nishimori (PL/PR), um dublê de proprietário rural e vendedor de agrotóxicos, e um dos mais aguerridos membros da chamada Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a famosa “bancada ruralista”.
Como venho dizendo faz algum tempo, a luta contra o uso indiscriminado e abusivo de agrotóxicos deverá ser uma das bandeiras a serem agitadas na campanha eleitoral de 2022. Essa bandeira terá de ser agitada de forma inequívoca e resoluta, pois a manutenção de um modelo agrícola viciado em agrotóxicos deverá trazer efeitos dantescos nas próximas décadas para a população brasileira que hoje convive, entre outras coisas, com alimentos cada vez mais contaminados por resíduos de agrotóxicos altamente perigosos.
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