Inverno mais uma vez se prova um aliado inabalável da Rússia em mais um conflito militar

inverno russia

A recente decisão da Gazprom, estatal que é maior empresa de gás da Rússia e também do mundo, de suspender indefinidamente os seus suprimentos para a Europa gerou um efeito dominó em termos de forte alta de preços e depreciação do Euro e da libra esterlina. Esse movimento, baseado na mais básica noção de uso de uma commodity com finalidades estratégicas, promete transformar o próximo inverno europeu em um pesadelo para os povos do continente, mas também para os governantes que optaram por transformar o conflito entre Rússia e Ucrânia em um proxy de uma futura 3a. guerra mundial.

Gazprom corta gás natural para Europa em 31 de agosto | Plásticos em Revista

As elites europeias, pressionadas pelo governo de Joe Biden, deveriam ter feito um mínimo de lição de casa, pois tanto Napoleão Bonaparte como Adolf Hitler viram suas aspirações imperiais atolarem no território gelado da Rússia. E tudo indica que dessa vez os russos vão passar um inverno em meio às baixas temperaturas nas ruas, mas com temperaturas mais elevadas dentro de casa, ao contrário dos europeus que estão neste momento quebrando a cabeça para ver como vão se virar sem o gás russo.

Mas antes que se culpe o governo de Vladimir Putin por agir dentro de uma lógica fria e calculista, há que se lembrar que a ideia de impor uma articulação entre os mercados consumidores europeus e a Rússia foi dos governos neoliberais que comandam com mão de ferro o Conselho Europeu.  A questão é que quando impuseram atrasos pensados na adoção de energias alternativas ao gás russo, as elites europeias provavelmente desprezaram a ideia de que essa dependência poderia se voltar contra seus interesses na forma de uma arma de guerra.

Por outro lado, está ficando claro, e as manifestações populares já estão começando em diferentes países europeus, que não se pode declarar guerra contra um país que detém tamanho controle de uma commodity estratégica em um continente que, apesar e por causa das mudanças climáticas, pode ter invernos bem rigorosos.

Thousands Protest in Prague Over Energy Crisis - Bloomberg

Manifestação realizada em Praga no sábado (03/09), capital da República Tcheca, demanda neutralidade no conflito bélico na Ucrânia em troca de garantia de fornecimento de gás. Foto: Petr David Josek/AP

Como o gás fornecido pelos EUA é muito mais caro que o russo, a batata quente está cada vez mais nas mãos dos governantes que decidirar, na prática, declarar guerra à Rússia, ainda que usando a Ucrânia como anteparo.

Finalmente, não deixa de ser curioso que em pleno Século XXI, uma estação do ano possa estar se provando uma arma de guerra tão eficiente e devastadora, antes mesmo de ter sido acionada. Por isso mesmo, a lentidão que muitos analistas veem na ação das forças militares russas seja apenas um cálculo bem feito de que o principal reforço está pronto para entrar em ação  de forma brutal em pouco mais de 3 meses e vai estar claramente presente no campo de batalha até março de 2023. E isso certamente irá testar a disposição dos europeus em permanecer em guerra com a Rússia. 

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