O massacre das universidades como elemento central na destruição nacional promovida pelo governo Bolsonaro

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O presidente Jair Bolsonaro com um dos seus vários ministros da Educação, Abraham Weintraub

Ainda que a educação pública tenha sofrido imensamente ao longo do governo que agora se encerra, as universidades públicas federais estiveram sob intensa pressão a partir de um corte vigoroso das verbas direcionadas pelo governo federal, ainda que elas produzam mais de 90% da produção científica nacional (ver gráfico abaixo)

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Essa asfixia financeira implicou não apenas na redução das verbas para custeio da pesquisa, o que já é grave, mas também alcançou o pagamento de serviços básico como segurança e limpeza. A coisa foi tão grave que muitas universidades federais estão terminando o ano dando calote no pagamento desses serviços para poderem simplesmente continuarem funcionando.

Ainda que haja um elemento ideológico que leva um governante de extrema-direita como é Jair Bolsonaro a desdenhar da importância do conhecimento científico, o problema aqui é mesmo de concepção de destino nacional. É que ao desmontar um sistema de ciência e tecnologia ainda em formação, o que está se fazendo é inviabilizar qualquer oportunidade de que o Brasil possa gerar o tipo de conhecimento necessário para participar minimamente dos ganhos associados à chamada Revolução Industrial 4.0.  (ver imagem abaixo descrevendo as principais diferenças nas diferentes etapas do processo de Industrialização).

Indústria 4.0: O que é, e como ela vai impactar o mundo. - Citisystems

Mas se para quem entende a importância do conhecimento científico para o desenvolvimento econômico a asfixia financeira das universidades não faz o mínimo sentido, o mesmo não ocorre para quem não vê nenhum problema que a posição de desvantagem competitiva que países como o Brasil tem em relação a países que estão na ponta de cima do processo competitivo, hoje fortemente ditado por novas formas de conhecimento.

A verdade é que se olharmos para o atraso causado no desenvolvimento econômico de países como Espanha e Portugal por ditadores como Francisco Franco e Ernesto Salazar, vamos encontrar o mesmo desdém pela educação da população, o que dizer da criação de universidades públicas capazes de gerar conhecimento de ponta.

Agora com a eleição de Luís Inácio Lula da Silva abre-se a possibilidade de que este quadro de penúria seja revertido, mesmo que parcialmente, visto que o presidente eleito já indicou o seu compromisso com o fortalecimento das universidades públicas, com o consequente envio das verbas necessárias para que elas possam contribuir com o processo de desenvolvimento econômico.  Se não for por nada, essa posição já representa um giro de 180 graus em relação ao que está sendo feito contra as universidades públicas desde que Michel Temer assumiu o poder após o golpe parlamentar realizado contra a presidente Dilma Rousseff em 2016.

Finalmente, algo que eu não abordei até aqui é a necessidade de que os reitores/interventores impostos contra a vontade das comunidades universitárias de um grande número de universidades sejam sumariamente removidos. É que esses reitores/interventores jogaram sujo contra suas próprias universidades. Com a saída de Jair Bolsonaro do Palácio do Planalto, a saída desses interventores é uma condição sine qua non para que as universidades voltem a funcionar em ambientes minimamente democráticos, uma premissa básica para que se desenvolva conhecimento científico de ponta.

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