Guilherme Boulos, aparentemente picado pela mosca azul, ensaia a mesma trajetória pouco gloriosa de Marcelo Freixo
O ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e agora deputado federal pelo PSOL (SP), Guilherme Boulos, parece não ter entendido o destino inglório que acometeu agora petista Marcelo Freixo, e está seguindo a mesma trilha política que o ex-psolista trilhou para alcançar o surpreendente cargo de presidente da Embratur.
É que depois de pressionar e conseguir que o PSOL não tivesse um candidato a presidente da república, Guilherme Boulos vem se movimentando, à revelia do partido a que diz pertencer, para adotar uma série de passos esquisitos, o que incluiu até um momento de beija mão com o agora reeleito presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lira quando o partido tinha candidatura própria para presidir a Câmara de Deputados (no caso o deputado Chico Alencar (PSOL/RJ)).
Para ser franco, eu nunca me enganei muito com o Guilherme Boulos, apesar de não negar sua capacidade de fazer política, pois sempre tive a impressão que ele se filiou ao partido errado, já que todos os seus trejeitos e molejos apontam mais para o Partido dos Trabalhadores (PT). Aliás, a entonação e timbre de voz do Boulos me faz lembrar o Lula das greves metalúrgicos do final dos anos de 1970 ( sei lá, apenas um detalhe).
Por isso, quando Boulos se filiou ao PSOL pensei que ele o tinha feito aparentemente mais por questões de falta de espaço dentro do PT do que por convicção de modelo de partido. Mas ao fazer isso, Guilherme Boulos deu uma cara petista ao PSOL, o que nunca vi como algo que duraria muito. O problema é que ao fazer uma espécie de entrismo sui generis dentro do PSOL, Boulos vem agindo com eficiência para tornar o partido o satélite que a direita sempre disse que era em relação ao PT. E considero isso um grave equívoco, na medida em que o PSOL é um dos poucos partidos capazes de ocupar os espaços de rua (ainda que precariamente) que o PT resolveu abandonar para conseguir ocupar a presidência da república e governos estaduais.
Assim, apesar de algumas lideranças psolistas estarem tendo o trabalho de cobrar uma postura mais adequada ao que partido diz ser e não o que Boulos quer que seja, vejo isso como uma grande perda de tempo, como, aliás, foram esforços para reter Marcelo Freixo no partido. A questão é que quando determinados quadros políticos acham que são maiores que o partido que os abriga, o divórcio passa a ser uma questão de tempo. Além disso, dada a conjuntura histórica particularmente difícil, a energia que está se gastando para cobrar uma postura mais adequada de Boulos poderia ou deveria estar sendo gasta com a organização da classe trabalhadora e da juventude.
E se Boulos quiser seguir o caminho de Freixo, pode pedir até umas dicas de trajetos lá na Embratur que sabemos é subalterna da deputada Daniela do Waguinho, ministra do Turismo do governo Lula. Simples assim.
Há alguns equívocos em sua análise, em maior parte correta:
– O PSOL não é muito diferente do PT, é apenas menor, e por isso, pode (ou podia) se dar ao luxo de dizer-se “diferente”.
Na essência, o PSOL é algo parecido com o PT da década de 90, calcado na classe média hipócrita e moralista (aquela que apoia a lava jato), mas que não repercutiu em votos, justamente porque a direita encampou o lawfare que eles desejavam herdar do partido de Lula…
No mais, é isso mesmo…a classe mé(r)dia sendo ela mesma: Freixo no ministério da moça do Waguinho e Boulos domesticado por “LL”: Lula e Lira
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Artigo corajoso. Eu ainda quero crer que isso não vá acontecer. Talvez eu seja a “velinha de Taubaté”…..
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