Antes celebrado como o novo Midas e um gênio empresarial, o ex-bilionário Eike Batista parece seguir o roteiro que todo indivíduo em dificuldades financeiras tende a fazer nos momentos de aflição: vende o que tem por preços abaixo do que gostaria. Aliás, eu gostaria de ter uma cópia daquele outrora celebrado livro (aliás, alguém lembra do título?) em que Eike apresentava seu paradigma de sucesso ao mundo para ver se vender ativos em momento de crise era algo aconselhado por ele.
De toda forma, eu fico pensando naqueles “Eiketes” que no início da crise do Grupo EB(X) diziam aos quatro ventos que não iriam vender suas ações. Será que mantiveram sua palavra ou foi só blefe de puxa-saco deslumbrado?
O “mistério” dos US$ 325 mi que a CCX deixou de ganhar na venda de ativos Especula-se que Eike Batista tenha aceitado um valor bem abaixo do previamente acordado para acelerar uma possível OPA de fechamento de capital
SÃO PAULO – Em crise, o Grupo X anunciou na véspera um acordo para vender ativos da empresa CCX Carvão (CCX C3 ) na Colômbia para o grupo turco Yildirim por US$ 125 milhões. A operação foi desenhada desde outubro do ano passado, mas a informação de agora veio com um fato diferente de meses atrás: a transação sairá por US$ 325 milhões a menos do que o previsto anteriormente no memorando de entendimento anunciado pela empresa (US$ 450 milhões).
No pregão da última segunda-feira (3), os papéis reagiram a esta desagradável surpresa e caíram 23,21%, a R$ 0,86, com volume financeiro de R$ 25 milhões, cinco vezes maior que a média diária das últimas 21 sessões. Sem dar maiores explicações ao mercado, a empresa de carvão de Eike Batista não comunicou o motivo do valor da venda ter caído tanto. Contudo, o mercado trabalha com a possibilidade de que a venda “barata” dos ativos tenha um objetivo de acelerar um possível fechamento de capital da companhia.
Segundo um operador que pediu para não ser identificado, o fato da CCX ter aceitado um valor menor para a venda dos ativos fez com que o negócio fosse concluído mais
rapidamente. Isso porque o controlador Eike Batista teria pressa para fechar o capital da companhia. “Eike utilizaria o dinheiro da venda dos ativos para recomprar as ações da CCX e fechar seu capital”, disse o operador ao InfoMoney .
CCX despenca 23% após vender ativos por valor 72% abaixo do previsto
O mercado especula que a possível O PA (Oferta Pública de Ações) seria feita pela própria empresa (sem alteração no controle) e sairia por cerca de R$ 285 milhões, descontada uma dívida total de aproximadamente R$ 15 milhões, comentou. Ou seja, a oferta poderia ficar entre R$ 1,65 a R$ 1,67 por ação, contra R$ 0,86 registrados no fechamento da véspera, o que daria um prêmio de 94,19% considerando a faixa superior. Entretanto, de acordo com uma outra fonte do mercado, somente o detalhamento do acordo justificando o racional traria calma ao mercado e ao papel, que sofreu bastante na bolsa.
Considerando a alta do dólar em relação ao real e a estabilidade do preço do carvão no mercado, esse “deal” era para ter melhorado ao longo do tempo, mesmo com algum eventual desconto, e não ter caído a esse preço, explicou. O acordo, no entanto, ainda precisa ser aprovado pelos sócios das empresas e a CCX diz que vai convocar uma assembleia geral extraordinária para submeter o negócio aos acionistas.
Essa possibilidade de OPA pela própria empresa foi levantada depois de terem sido descartados rumores de que o grupo turco faria a oferta pela CCX, comentou o mesmo operador. Uma das hipóteses apontadas pelo mercado era de que a OPA seria feita pela Yildirim, o que caracterizaria uma mudança de controle e, consequentemente, o pagamento de tag along aos acionistas, que no caso da CCX é de 100% aos detentores das ações ordinárias. Ou seja, com a venda dos ativos a um valor menor, a expectativa é que a oferta ficasse também por um preço mais baixo e, consequentemente, poderia ser desfavorável aos acionistas, um dos fatores que motivaram a forte queda dos papéis da companhia na véspera.
Procurado pelo InfoMoney, o departamento de relações com investidores da CCX não foi localizado para prestar esclarecimentos.
A “explicação” da CCX
Em comunicado, a CCX disse apenas que o valor previamente anunciado no memorando de entendimento era sujeito a due diligence operacional, financeiro, tributário e ambiental e considerava parte significativa do pagamento baseado em milestones operacionais das minas (incluindo a obtenção de licenças ambientais faltantes para Papayal, San Juan, Porto e Ferrovia). Já o valor atual considera todos os pagamentos upfront no fechamento da transação, apenas sujeito a assinatura dos contratos definitivos e a transferência dos títulos mineiros à contraparte.
FONTE: http://www.infomoney.com.br/ccx/noticia/3176282/misterio-dos-325-que-ccx-deixou-ganhar-venda-ativos