
A forma pela qual o (des) governo comandado pela dupla Sérgio Cabral/Pezão vem tratando as universidades estaduais já deveria ter criado grandes problemas. No entanto, dadas as articulações e submissão das reitorias, a justa reação das comunidades universitárias foi contida dentro dos muros universitários. No caso da UENF, houve ainda uma ação diligente para criar clivagens que dificultassem a unidade entre professores, servidores e estudantes. Apesar disso, ao longo dos últimos sete anos ocorreram uma série de momentos em que parecia que o controle que o (des) governo Cabral/Pezão mantinha sobre a UENF iria desabar, sem que isto se materializasse.
Esse tipo de contenção aparentemente acabou criando uma situação de extremo conforto para a dupla Cabral/Pezão, o que ficou refletido no encurtamento contínuo do orçamento anual da UENF, e um impressionante processo de depreciação dos valores dos salários dos servidores. Para os estudantes sobrou a falta de questões básicas como a finalização da obra do bandejão e de qualquer forma de assistência para a moradia estudantil.
Agora com a entrada em cena dos servidores da FENORTE que junto com os professores da UENF decidiram entrar em greve, a conjuntura que está se formando é de um verdadeiro caldeirão de demandas, visto que os servidores técnico-administrativos também sinalizam para a greve. De quebra, os estudantes também já parecem ter tomado a decisão de avançar o seu processo de reivindicações, o que poderia desaguar numa inédita greve estudantil na UENF.
Para Sérgio Cabral que está praticamente entregando o poder essa conjuntura na UENF pode representar pouco ou quase nada, mas para Luiz Fernando Pezão, a situação que está se montando na UENF pode ter implicações catastróficas não apenas na região Norte Fluminense, mas em todo o Rio de Janeiro. É que a UENF não está apenas sediada no berço político de Anthony Garotinho, mas possui hoje um reconhecimento nacional em termos da excelência de seus cursos de graduação e pós-graduação. Assim, a repercussão deste tipo de movimento que historicamente ficou restrito ao âmbito regional poderá, desta vez, extrapolar os limites do Norte Fluminense.
O interessante é que dotar a UENF de um orçamento decente, pagar salários compatíveis para seus professores e servidores, bem como dotar a instituição de um modelo qualificado de assistência estudantil custaria muito pouco. Mas a opção feita foi pelo sucateamento e pelo sufoco orçamentário. Talvez agora a dupla de (des) governantes venha a pagar um preço político salgado, já que a paciência no campus Leonel Brizola parece ter se esgotado, o que poderá gerar cenas políticas que cedo ou tarde, talvez mais cedo do que tarde, vão ser mostradas pelos que querem o lugar de Pezão no Palácio Guanabara. A ver!