Rompimento da barragem I de Brumadinho, que teve estabilidade atestada, afasta empresas de auditoria de contratos com a Vale.
A mineradora Vale está encontrando uma dificuldade tão inesperada quanto compreensível após a erupção do seu Tsulama na barragem da mina Córrego do Feijão em Brumadinho. É que receosas de terem o mesmo destino da alemã TÜV SÜD que havia atestado a estabilidade da barragem em Brumadinho e agora está enrolada no Brasil e na Alemanha com ações milionárias na justiça, empresas de auditoria estão recusando convites para trabalharem com a Vale, segundo matéria publicada pelo jornal “O TEMPO”.
Um dos problemas decorrentes dessa indisposição de empresas conhecidas no mercado de auditagem é que a Vale corre o risco de ter de suspender suas operações em dezenas de minas cujos certificados de estabilidade concedidos anteriormente estão em período de renovação.
Outro problema é que a Vale possui várias barragens que estão listadas para serem “descaracterizadas” ou “descomissionadas” em um processo que implica não apenas na remoção dos rejeitos armazenados em unidades que agora estão alcançando o limite da sua vida útil, a um custo inicial de R$ 5 bilhões. O problema é que até agora a empresa não demonstrou ter estabelecido os planos necessários para cada uma das barragens definidas para serem removidas da paisagem.
Interessante notar que a Vale está em um processo de transição de produção, deixando de dar ênfase à Minas Gerais para concentrar suas atividades no estado do Pará. Com isso fica a questão do que poderá acontecer com as regiões afetadas pelas dezenas de barragens que a Vale vai deixar para trás em território mineiro, o que poderá transformar o estado numa espécie de “quadrilatéro enferrujado brasileiro”, com todos os custos sociais e ambientais caindo no passivo de Minas Gerais (ver arte abaixo produzida pelo Wall Street Journal).
Essa situação envolvendo a Vale e sua possível reorientação em direção às minas do Pará torna ainda mais urgente a cobrança de soluções emergenciais não apenas para impedir o rompimento das barragens declaradas como instáveis, mas também para aquelas que (algumas podem até ser as mesmas) estão listadas para serem “descomissionadas” ou “descaracterizadas”.
Do contrário, já sabemos com quem ficará todo o ônus dos potenciais rompimentos que se encontram latentes neste momento, mas que podem irromper na forma de Tsulamas a qualquer momento.