A COVID-19 sumiu das manchetes, mas o Brasil continua sendo um dos epicentros mundiais da pandemia

media blackoutParentes são vistos durante enterro em massa de pessoas que faleceram devido à  COVID-19, no cemitério do Parque Tarumã em Manaus, Brasil, em 26 de maio de 2020. REUTERS / Bruno Kelly

Nas últimas semanas venho notando um gradual desaparecimento das notícias sobre a  COVID-19 da posição de destaque que ocupavam desde que o Brasil passou a ser um dos epicentros da pandemia.  Essa mudança não me parece ser acidental, parecendo mais um ajuste editorial à necessidade de manter protegido um corpo que vem aplicando um dos maiores ajustes já operados em uma economia nacional desde que Ronald Reagan e Margareth Tatcher colocaram a ideologia neoliberal a serviço das grandes corporações capitalistas.

Mas que ninguém se engane ou se deixe confundir pela ausência da pandemia em posições de destaque nas publicações da mídia corporativa brasileira.  O fato é que o Brasil continua sendo com os EUA, um  dos principais epicentros da COVID-19, alcançando números cada vez mais catastróficos (ver tabela abaixo com os dados desta 3a. feira – 18/08)

covid19

O fato é que no dia de hoje, o Brasil foi segundo país com mais casos de novas infecções (+44.119) e o primeiro em número de mortes nas últimas 24 horas (+1.234). Além disso, o total de mortos já atingiu incríveis 109.888, o que indica que até o final de agosto, o Brasil deverá ter em torno de 120.000 mortos pela COVID-19.

E, pior, não há nenhum sinal de que estejamos baixando do platô de alto número de infectados, o que implica que o número de mortos continuará sendo alto, cinco meses após o início oficial da pandemia da COVID-19 em território nacional.

Quais seriam os motivos para que a mídia corporativa brasileira passe a colocar os efeitos catastróficos da pandemia em posições secundárias de seus veículos? As possibilidades são inúmeras, mas a principal parece ser a necessidade pragmática de salvaguardar a existência do governo Bolsonaro, já que este opera para que as instituições financeiras e o rentismo que elas emulam continue dando aos donos dos grandes veículos de mídia o tipo de retorno econômico que suas atividades principais não geram. 

A verdade é que não nenhuma indicação de que o Brasil está próximo de passar o pior cenário da pandemia da COVID-19.  A diferença é que agora estamos sendo ainda mais mal informados sobre o que de fato está acontecendo. 

Tudo isso é péssimo porque a falsa sensação criada pela falta de informação gera a sensação de que o pior já passou, o que tende a acentuar comportamentos descuidados que contribuem para a dispersão do coronavírus.

Por isso, precisamos continuar nos esforçando para não apenas para manter a disciplina pessoal necessária para se manter saudável enquanto não for iniciada alguma campanha massiva de vacinação, mas também para continuar tentando informar o número máximo de pessoas que é preciso continuar tomando os cuidados básicos para se evitar a infecção pelo coronavírus. 

 

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