Um dos mais aspectos mais marcantes dos quase 28 meses de governo do presidente Jair Bolsonaro é a persistente onda de liberações de agrotóxicos que estão inundando o mercado brasileiro com produtos banidos nos países que os criaram, começando pela União Europeia, por causarem danos consideráveis sobre a saúde humana e o meio ambiente. As liberações mais recentes ocorreram com a publicação do ATO Nº 20, de 8 de ABRIL de 2021 que aprovou a comercialização de mais 33 agrotóxicos do tipo produto técnico. Com essa rodada, o governo Bolsonaro alcançou incríveis 1.172 liberações em 845 dias de governo, o que dá uma média de 1,39 agrotóxicos liberados por dia. Além disso, graças a essa volúpia de aprovações, o Brasil hoje conta com 3.231 produtos disponíveis no mercado, o que implica no fato de que o governo Bolsonaro é responsável por 36% de todos os agrotóxicos passíveis de serem comprados legalmente no Brasil.
Como em outras publicações, o ATO Nº 20, de 8 de ABRIL de 2021 beneficia fortemente empresas sediadas na China que são responsáveis pela produção de 76% dos agrotóxicos liberados, incluindo o fato de que uma empresa localizada em Israel, e que fornecerá um dos agrotóxicos liberados, também agora é controlada por uma estatal chinesa (ver gráfico abaixo).
Outro aspecto recorrente da “tsunami de agrotóxicos” do governo Bolsonaro é a recorrente aprovação de produtos que contém substâncias banidas por terem sido flagradas causando graves danos à saúde humana e aos ecossistemas ambientais. No caso do ATO Nº 20, de 8 de ABRIL de 2021, 30% dos agrotóxicos estão proibidos na União Europeia.
Dentre as substâncias liberadas há que se enfatizar pelo menos duas, a Atrazina e o Fipronil, cujos impactos sobre a saúde humana (a Atrazina) e sobre espécies benignas como as abelhas (o Fipronil) estão solidamente documentadas não pela comunidade científica, mas também por órgãos governamentais como é o caso da União Europeia. No caso do Fipronil, que teve sua introdução no Brasil feita pelo governo Bolsonaro, o total de produtos liberados contendo esse princípio ativo chega a 25, o que deverá ter fortes impactos sobre as populações das abelhas em território nacional. No caso da Atrazina, o total de produtos liberados pelo governo Bolsonaro é de 22, apesar de todas as evidências que existem sobre o impacto que essa substância causa vários impactos negativos saúde humana (e.g., a exposição materna à atrazina na água potável foi associada a baixo peso fetal e defeitos cardíacos, urinários, além de retardar o desenvolvimento de fetos e causar a redução na sobrevida dos mesmos. Essa substância também têm sido associada à ocorrência de câncer de mama e de próstata, além de ser considerada um disruptor endócrino).
O mais problemático disso tudo é que a sinergia dessa verdadeira multidão de agrotóxicos altamente perigosos e seus potenciais impactos sobre a saúde ecossistemas naturais, corpos hídricos e os alimentos que chegam às mesas dos brasileiros está sendo fortemente negligenciada pela mesma agência, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que continua adotando táticas protelatórias no processo de liberação de vacinas contra a COVID-19, como é o caso da vacina russa Sputnik V. Pelo jeito, todo o cuidado alardeado pela Anvisa não cobre a aprovação tsunâmica de agrotóxicos, deixando clara qual é a opção que orienta as ações do governo Bolsonaro.
Quem quiser baixar a planilha contendo os 33 agrotóxicos técnicos, basta clicar [Aqui ]. Para os interessados, em baixar a planilha contendo os 1.172 agrotóxicos liberados desde 01 de janeiro de 2019, basta clicar [Aqui!].
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