Observatório dos Agrotóxicos: com liberação de mais 25 agrotóxicos, governo Bolsonaro totaliza 1.660 liberações em 39 meses e 1,4 por dia

tereza bolsonaro

Jair Bolsonaro e Tereza Cristina seguem com a marcha desenfreada de liberações de venenos agrícolas altamente tóxicos

Em uma demonstração óbvia de que não está esperando pela aprovação do Pacote do Veneno também no Senado Federal, o governo Bolsonaro liberou por meio do Ato No. 14 de 07 de março um total de 25 agrotóxicos do tipo “produto técnico”, levando seu “grand total” a 1.660 venenos agrícolas liberados em 1.169 dias de governo, o que dá a média de 1,4 agrotóxicos liberados por dia. Até para um país cuja agricultura de exportação está firmemente aprisionada na dependência química, esses números são de assombrar qualquer um que se preocupa com os ecossistemas nacionais e a saúde dos brasileiros.

Agrotóxicos proibidos na União Europeia circulam livremente no Brasil

Brasil é 2º maior comprador de agrotóxicos proibidos na Europa, que importa  alimentos produzidos com estes químicos

Um aspecto repetitivo de toda essa onda de aprovações é a presença de produtos banidos na União Europeia cuja legislação pode ser considerada mais rígida do que a brasileira. A “estrela” do Ato No. 14, com 7 produtos liberados, é o Espirodiclofeno, um acaricida que foi proibido na União Europeia (UE) em julho de 2020. Mas além desse, esse ato mais recente também liberou o fungicida Epoxiconazol que está proibido na UE desde abril de 2020.

De quebra, outro “proibidão” liberado foi o fungicida Carbendazim que está proibido desde 2014 após ter sido relacionado a uma ampla gama de doenças que incluem embriotoxicidade, apoptose, teratogenicidade, infertilidade, disfunção hepatocelular, efeitos de desregulação endócrina, interrupção de funções hematológicas, anomalias do fuso mitótico, efeito mutagénico e aneugênico.

Mas apesar de todos esses efeitos, o governo Bolsonaro liberou 10 agrotóxicos contendo o princípio ativo do Carbendazim, uma substância pertencente ao grupo químico Benzimidazol.

A predominância da China como principal fornecedora de agrotóxicos para o Brasil

Agrotóxicos produzidos na China são maioria no pacote de venenos aprovado  pelo governo Bolsonaro |

Outra característica de liberações anteriores que se repetiu no Ato No. 14 foi a forte presença de empresas chinesas no fornecimento de venenos agrícolas para a agricultura nacional, na medida que 24 dos agrotóxicos serão produzidos por empresas sediadas na China. Entretanto, a única exceção que foi o fungicida Pidiflumetofem é produzido na Suiça pela Syngenta, que também é uma empresa chinesa.

Um dado expressivo sobre a dependência brasileira da indústria chinesa de agrotóxicos é que dos 1.660 agrotóxicos liberados nos 39 meses de governo Bolsonaro, 1.001 são “Made in China”, um número que ainda não representa a totalidade do impacto chinês, na medida em que empresas sediadas em países como a Suiça (Syngenta) e Israel (Adama) são de fato propriedade da ChemChina, fundada em 1984, que é um empresa química estatal chinesa que atua nos segmentos de produtos agroquímicos,  borracha, materiais químicos e especialidades químicas, equipamentos industriais e processamento petroquímico para os setores civil e militar.

Com uma 1,4 agrotóxico liberado por dia, governo Bolsonaro deverá ultrapassar 2.000 agrotóxicos liberados em 4 anos de mandato, um verdadeiro recorde mundial

Transgênicos e agrotóxicos: dois “temperos” ocultos na comida do brasileiro  |

Se o governo Bolsonaro mantiver sua média diária de liberações de venenos agrícolas  é de 1,42 por dia, o mais provável é que a dupla Jair Bolsonaro e Tereza Cristina coloquem mais de 2.000 agrotóxicos em um mercado já saturado deste tipo de produto altamente tóxico, o que invariavelmente nos levará a uma crise sanitária em alguns anos, dada a toxicidade de muitos dos produtos que estão sendo liberados, digamos, com sofreguidão.

Por isso tudo é que repito ser fundamental que haja um amplo debate em torno do modelo de agricultura viciada em agrotóxicos que hoje é hegemônica. O fato é que além de ser altamente poluentes e tóxicos, os agrotóxicos são hoje protegidos por uma série de benesses fiscais, causando fortes perdas financeiras a economia brasileira.

É passada a hora de se deixar de premiar o latifúndio agro-exportador e as corporações químicas às custas da degradação ambiental e do envenenamento da água e dos alimentos que os brasileiros consomem.

Quem desejar baixar a planilha contendo os 25 agrotóxicos liberados pelo Ato No. 14, basta clicar [Aqui!]. Para os interessados em baixar a planilha contendo os 1.660 agrotóxicos liberados pelo governo Bolsonaro, basta clicar [Aqui!].

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